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Opinião: Nada de amizade entre Macron e Putin

Barbara Wesel (md)

30/05/2017 09h27

Chefe do Kremlin encontrou no presidente francês alguém que não se assusta com suas artimanhas e que diz claramente o que espera dele. Berlim terá em Macron um bom parceiro na política para Moscou, opina Barbara Wesel.Neste primeiro encontro entre Emmanuel Macron e Vladimir Putin, não houve competição de quem dava o aperto de mão mais forte. De forma metódica, os dois se apresentaram aos fotógrafos para, em seguida, discutir seus problemas em ambiente separado. O francês sabe que o russo teria preferido ver outra pessoa no Palácio do Eliseu. Agora ele faz, de forma sóbria, o melhor de uma relação tensa.O novo presidente francês parece se orientar nos seus contatos políticos com Moscou pela linha seguida por Angela Merkel em relação a Putin. É necessário manter contato com a Rússia, se encontrar para poder discutir problemas. Mas daí não sairá nenhuma amizade maravilhosa.Usando a encenação inteligente da relação histórica entre a França e a Rússia nos arredores glamorosos do Palácio de Versalhes, Macron foi mais além para, simultaneamente, envolver e colocar Putin em seu lugar. O palácio abriga atualmente uma exposição que celebra o 300° aniversário da visita do czar Pedro, o Grande, ao rei francês – uma referência ao longo curso da história e às idas e vindas de seus governantes.Bem diferente do presidente americano, Donald Trump, o jovem governante em Paris já é bastante maduro. Ele não se incomoda com pequenas coisas, como as atividades subversivas de Putin contra ele durante a feroz campanha eleitoral francesa, durante a qual o presidente russo recebeu ostensivamente Marine Le Pen, oponente de Macron, no Kremlin. E também é sabido há tempos que Putin ajudou o partido dela financeiramente.Mas toda a estratégia de desestabilização da Europa por meio da promoção de políticos radicais de direita não deu em nada. A Áustria resistiu, com Wilders também a coisa não deu em nada, e Le Pen foi derrotada. No máximo, há Trump para ajudar Putin a perturbar a relação transatlântica.E as tentativas realizadas supostamente por hackers russos, que publicaram e-mails da campanha eleitoral de Macron, para desencadear um escândalo na última hora, também fracassaram. Era tarde demais para influenciar o resultado, e também não havia ali teor explosivo algum.Macron simplesmente ignora esse joguinho difícil de suportar do chefe do Kremlin e lhe diz claramente o que quer dele: uma nova reunião no formato Normandia para discutir a perene crise na Ucrânia e o não cumprimento do Acordo de Minsk.Quando se trata da guerra na Síria, o presidente francês até mesmo ameaça: se Assad usar novamente armas químicas, ele terá que contar com uma reação imediata da França. Ao contrário de Obama, se espera que Macron realmente cumpra o que diz. O mesmo também se aplica ao apelo feito pelo francês para que o governo russo respeite os direitos e minorias e civis. A conversa foi franca e direta, segundo eles afirmaram depois. Isso quer dizer que ambos não pouparam nada um ao outro.O presidente francês tinha dito antes da visita haver uma lógica do exercício do poder em Putin, Erdogan e Trump que não o impressiona. O convidado russo tentou contrastar com charme, dizendo ser preciso superar a desconfiança mútua.Mas Macron sabe o que tem que pensar dele. Com esse encontro, ele fez uma nova tentativa de ganhar Putin como um parceiro para a resolução de conflitos internacionais. Isso só funciona na medida em que coincide com os interesses do presidente russo. Macron enxerga bem essa lógica, e se espera que ele não se deixe manobrar por Putin. A chanceler federal alemã terá nele um bom parceiro na política para a Rússia.