Zeitgeist: Bundestag já discute como lidar com a AfD
Ninguém quer sentar ao lado dos populistas de direita no plenário, e uma regra tradicional foi alterada para evitar que um deputado do partido presida a sessão de abertura. Expectativa é de debates acalorados.O muito provável ingresso do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) no Bundestag (Parlamento) gera desconforto entre os demais partidos políticos antes mesmo da eleição de 24 de setembro.É a primeira vez que um partido populista-nacionalista estará representado no Parlamento alemão no pós-Guerra, e é grande o debate sobre como lidar com essa situação. Ao menos uma decisão prática já foi tomada.Leia a cobertura completa sobre a eleição na Alemanha em 2017A regra vigente até algumas semanas atrás determinava que o deputado mais velho presidisse a sessão de abertura da legislatura até a eleição do presidente do Bundestag. Agora, essa honra caberá ao deputado mais antigo, ou seja, aquele que está há mais tempo na casa parlamentar.Pela regra anterior era muito provável que a sessão de abertura fosse presidida por um deputado da AfD, Wilhelm von Gottberg, de 77 anos. Von Gottberg, que já foi membro da CDU, chamou o Holocausto de "instrumento eficaz para a criminalização dos alemães e de sua história".Ainda que oficialmente os deputados rejeitem essa justificativa, está claro que a regra protocolar foi alterada para evitar que uma pessoa que fez declarações desse tipo presida a sessão de abertura da nova legislatura no Parlamento alemão.E isso não é tudo. Uma briga pré-programada para a próxima legislatura é a eleição dos vice-presidentes do Bundestag. Pela regra, cada partido tem direito a um vice-presidente. É possível que também essa regra venha a ser alterada para evitar que um deputado da AfD se torne vice do segundo cargo mais alto do Estado alemão. Ou, como o posto depende da aprovação do plenário, os deputados rejeitarão candidatos da AfD até se chegar a um menos radical ou simplesmente protelarão a escolha.E há ainda as comissões parlamentares, onde os partidos estão representados de acordo com o tamanho de suas bancadas. A presidência de algumas dessas comissões também poderá caber à AfD, incluindo a poderosa comissão orçamentária caso o partido populista se torne a terceira força do Parlamento e as duas maiores bancadas, CDU/CSU e SPD, reeditem a grande coalizão de governo. Nessa situação, a AfD seria líder da oposição, a quem, de praxe, cabe a presidência da comissão orçamentária. É possível que essa regra também seja alterada.E antes de tudo isso há uma questão prática a ser decidida: onde os deputados da AfD vão se sentar no plenário? CDU e CSU não querem os populistas a seu lado, na posição mais à direita, com o argumento de que, assim, a AfD estaria de frente para os assentos ocupados pelos representantes do governo. No outro extremo, do lado esquerdo, o partido A Esquerda não quer de jeito nenhum a AfD por perto. O meio está desde já sendo reivindicado pelo Partido Liberal Democrático (FDP), e muitos deputados argumentam que colocar a AfD nessa posição transmitiria uma mensagem equivocada, pois se trata de um lugar de destaque.A experiência com os parlamentos regionais mostra que o tom dos debates parlamentares se eleva com a presença da AfD. Resta saber se isso acontecerá também no Bundestag. Alguns deputados, como a esquerdista Petra Sitte, acreditam que sim. "Se a AfD entrar no Bundestag, contamos com uma queda no linguajar e uma elevação do tom dos debates", declarou.A coluna Zeitgeist oferece informações de fundo com o objetivo de contextualizar temas da atualidade, permitindo ao leitor uma compreensão mais aprofundada das notícias que recebe no dia a dia.
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