Irã desafia EUA e testa novo míssil
Em meio a tensão com governo Trump, que ameaça sair de acordo nuclear, Teerã realiza exercício militar com projétil de alcance de 2.000 quilômetros. Manobra deve acirrar tensão com americanos.
O Irã anunciou neste sábado (23) ter testado com sucesso um míssil balístico com alcance de 2.000 quilômetros, capaz de carregar várias ogivas. O exercício tem potencial para acirrar os atritos com o governo Donald Trump.
O anúncio ocorre em meio à tensão com os Estados Unidos, depois de Trump ter ameaçado se retirar do acordo nuclear de 2015, firmado com o objetivo de tentar frear o programa nuclear iraniano.
O míssil Khorramshahr é o mesmo apresentado em parada militar na véspera em Teerã. Durante o desfile, o presidente Hassan Rohani afirmou que o Irã vai aumentar sua capacidade militar e reforçar seus programas de armas, incluindo o de mísseis – independentemente do que pensem outros países.
"Não precisamos da permissão de ninguém para defender a nossa pátria", disse Rohani durante o desfile militar, realizado por ocasião do aniversário da guerra entre Iraque e Irã, que durou entre 1980 a 1988.
A tensão entre Teerã e Washington ficou evidente nesta semana, na Assembleia Geral da ONU, na qual o presidente americano, Donald Trump, fez duras críticas contra os programas militares da República Islâmica e o acordo nuclear assinado em 2015 entre Irã e seis grandes potências mundiais.
O presidente americano chamou de vergonhoso o acordo nuclear e disse que seu governo pode abandoná-lo se suspeitar que ele "proporciona cobertura para uma eventual construção de um programa nuclear".
"Francamente, esse acordo é uma vergonha para os EUA, e não acredito que os senhores tenham ouvido a minha última palavra a respeito", disse Trump, que definiu o Irã como uma "ditadura corrupta" que tenta desestabilizar o Oriente Médio. Ele pediu ao governo em Teerã que pare de "financiar o terrorismo".
Na quarta-feira, o presidente do Irã usou seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas para rebater as críticas de Trump. "Seria uma grande pena se esse acordo [nuclear] fosse destruído por corruptos recém-chegados ao mundo político. O mundo perderia uma grande oportunidade", afirmou.
"Ao violar seus compromissos internacionais, a nova gestão americana só destrói sua própria credibilidade e mina a confiança internacional em negociar com o país ou aceitar sua palavra ou promessa", concluiu Rohani.
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