Oposição espanhola apresenta moção contra Rajoy
Socialistas acionam Parlamento contra chefe de governo, em meio a escândalo de corrupção envolvendo seu Partido Popular. Líder reage e diz que ação é "ruim para a Espanha" e só gera insegurança.O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), maior legenda da oposição na Espanha, apresentou nesta sexta-feira (25/05) ao Parlamento uma moção de censura contra o chefe de governo Mariano Rajoy, um dia depois de seu Partido Popular (PP) ter sido condenado num caso de corrupção.
"Existe apenas uma pessoa responsável pela insatisfação política. Ela se chama Mariano Rajoy", afirmou o líder do PSOE, Pedro Sánchez. Se vencer a moção, ele prometeu convocar novas eleições no país, após "recuperar a estabilidade e a normalidade e limpar as instituições públicas".
Rajoy logo reagiu ao anúncio dos opositores. Em coletiva de imprensa, ele criticou a tentativa de tirá-lo do cargo, afirmando que a moção parlamentar "é ruim para a Espanha e para os espanhóis e só gera insegurança".
A votação no Parlamento ainda não tem data definida. Segundo a Constituição espanhola, a moção de censura deve contar com o apoio da maioria absoluta da Casa, formada por 350 parlamentares, além de incluir um candidato a chefe de governo e um programa político alternativo. Se o Congresso aprovar a moção de censura, o governo deve apresentar sua renúncia ao rei.
O PSOE, contudo, possui apenas 85 assentos no Parlamento. Terá, portanto, que negociar com outras legendas para alcançar os 176 votos necessários para barrar o governo conservador de Rajoy, cujo partido também não dispõe da maioria dos parlamentares.
Os socialistas devem contar com os votos do Unidos Podemos, que possui 67 cadeiras, e tentarão conquistar o apoio de partidos menores de esquerda e independentistas catalães.
Além disso, pode ser que a moção seja respaldada também por uma legenda aliada do governo no Parlamento. Em razão do escândalo de corrupção, a sigla de centro-direita Ciudadanos ameaçou apoiar o pedido de afastamento caso Rajoy não convoque eleições antecipadas no país.
"Precisamos de um governo limpo e forte para enfrentar o desafio separatista. Ou Rajoy convoca eleições ou o Parlamento fará isso", disse o líder do Ciudadanos, Albert Rivera. O secretário-geral do partido, José Manuel Villegas, pediu que o chefe de governo "não se esconda na inação".
Analistas afirmam, no entanto, que a legenda liberal não teria motivos para apoiar uma moção de censura que poderia levar a um governo de esquerda alternativo liderado pelos socialistas.
O escândalo de corrupção
Na quinta-feira, a Justiça da Espanha revelou seu veredito sobre um vasto esquema de corrupção envolvendo ex-funcionários do PP. Propinas foram pagas a eles em troca de contratos públicos de alto valor entre 1999 e 2005 em várias regiões do país, incluindo Madri.
O tribunal condenou 29 pessoas à prisão pelos crimes de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro no chamado julgamento de Gürtel, mesmo nome da operação policial que investigou o caso.
Entre os principais atores estão o ex-tesoureiro da legenda Luis Bárcenas, condenado a 33 anos de prisão, e o empresário Francisco Correa, considerado o líder do esquema, que recebeu uma pena de 51 anos de prisão.
O Partido Popular, como entidade jurídica, foi condenado a pagar cerca de 245 mil euros por também ter se beneficiado de fundos ilícitos. Rajoy afirmou que a legenda, que perdeu a maioria absoluta no Parlamento há dois anos, vai recorrer da decisão.
Ao apresentar a moção de censura nesta sexta-feira, o líder do PSOE declarou que o esquema de corrupção causou "indignação e alarme e prejudicou a reputação da Espanha". Segundo Sánchez, a resposta de Rajoy à decisão do tribunal foi "olhar para o outro lado".
EK/afp/dpa/efe/rtr
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"Existe apenas uma pessoa responsável pela insatisfação política. Ela se chama Mariano Rajoy", afirmou o líder do PSOE, Pedro Sánchez. Se vencer a moção, ele prometeu convocar novas eleições no país, após "recuperar a estabilidade e a normalidade e limpar as instituições públicas".
Rajoy logo reagiu ao anúncio dos opositores. Em coletiva de imprensa, ele criticou a tentativa de tirá-lo do cargo, afirmando que a moção parlamentar "é ruim para a Espanha e para os espanhóis e só gera insegurança".
A votação no Parlamento ainda não tem data definida. Segundo a Constituição espanhola, a moção de censura deve contar com o apoio da maioria absoluta da Casa, formada por 350 parlamentares, além de incluir um candidato a chefe de governo e um programa político alternativo. Se o Congresso aprovar a moção de censura, o governo deve apresentar sua renúncia ao rei.
O PSOE, contudo, possui apenas 85 assentos no Parlamento. Terá, portanto, que negociar com outras legendas para alcançar os 176 votos necessários para barrar o governo conservador de Rajoy, cujo partido também não dispõe da maioria dos parlamentares.
Os socialistas devem contar com os votos do Unidos Podemos, que possui 67 cadeiras, e tentarão conquistar o apoio de partidos menores de esquerda e independentistas catalães.
Além disso, pode ser que a moção seja respaldada também por uma legenda aliada do governo no Parlamento. Em razão do escândalo de corrupção, a sigla de centro-direita Ciudadanos ameaçou apoiar o pedido de afastamento caso Rajoy não convoque eleições antecipadas no país.
"Precisamos de um governo limpo e forte para enfrentar o desafio separatista. Ou Rajoy convoca eleições ou o Parlamento fará isso", disse o líder do Ciudadanos, Albert Rivera. O secretário-geral do partido, José Manuel Villegas, pediu que o chefe de governo "não se esconda na inação".
Analistas afirmam, no entanto, que a legenda liberal não teria motivos para apoiar uma moção de censura que poderia levar a um governo de esquerda alternativo liderado pelos socialistas.
O escândalo de corrupção
Na quinta-feira, a Justiça da Espanha revelou seu veredito sobre um vasto esquema de corrupção envolvendo ex-funcionários do PP. Propinas foram pagas a eles em troca de contratos públicos de alto valor entre 1999 e 2005 em várias regiões do país, incluindo Madri.
O tribunal condenou 29 pessoas à prisão pelos crimes de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro no chamado julgamento de Gürtel, mesmo nome da operação policial que investigou o caso.
Entre os principais atores estão o ex-tesoureiro da legenda Luis Bárcenas, condenado a 33 anos de prisão, e o empresário Francisco Correa, considerado o líder do esquema, que recebeu uma pena de 51 anos de prisão.
O Partido Popular, como entidade jurídica, foi condenado a pagar cerca de 245 mil euros por também ter se beneficiado de fundos ilícitos. Rajoy afirmou que a legenda, que perdeu a maioria absoluta no Parlamento há dois anos, vai recorrer da decisão.
Ao apresentar a moção de censura nesta sexta-feira, o líder do PSOE declarou que o esquema de corrupção causou "indignação e alarme e prejudicou a reputação da Espanha". Segundo Sánchez, a resposta de Rajoy à decisão do tribunal foi "olhar para o outro lado".
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