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Vale suspende dividendos a acionistas e bônus a executivos

28/01/2019 10h42

Mineradora decide suspender pagamentos após rompimento de barragem em Brumadinho e bloqueio de R$ 11 bilhões pela Justiça. Comitês são criados para apurar causas da tragédia e auxiliar vítimas.A mineradora Vale suspendeu a remuneração a acionistas na forma de dividendos e juros sobre capital próprio, segundo decisão do conselho de administração da empresa após o rompimento da barragem de Brumadinho (MG) na sexta-feira passada (25/01).

Adicionalmente foi suspensa a recompra de ações da companhia e o pagamento de remuneração variável (bônus) a executivos, de acordo com comunicado divulgado na noite deste domingo.

O rompimento da barragem de 86 metros de altura liberou mais de 11 milhões de metros cúbicos de lama e rejeitos de minério de ferro no rio Paraopeba e arrasou instalações da mineradora e parte de uma comunidade da cidade de Brumadinho.

Para coordenar a resposta ao desastre, a empresa comunicou ainda que decidiu criar dois comitês independentes. O primeiro acompanhará a assistência prestada às vítimas e as providências para recuperar a área atingida pelo rompimento da barragem. O segundo focará em apurar as causas e responsabilidades da tragédia.

Ambos serão "coordenados e compostos por maioria de membros externos, independentes da companhia", disse a mineradora. Os integrantes dos comitês serão indicados pelo próprio conselho da Vale.

A decisão de suspender a remuneração a acionistas vem após a mineradora ter um total de 11 bilhões de reais bloqueados de suas contas pela Justiça para garantir o ressarcimento de danos causados e indenizar vítimas. A contagem oficial de mortos chega a 60, dos quais 19 corpos foram identificados. Ao menos 292 pessoas seguem desaparecidas. Além disso, o Ibama multou a Vale em 250 milhões de reais.

Os recibos de ações da companhia na bolsa de Nova York despencaram 8% na sexta-feira, quando a bolsa brasileira ficou fechada devido a feriado.

As buscas por desaparecidos chegaram a ser interrompidas neste domingo devido ao risco de rompimento de outra barragem próxima, mas os bombeiros retomaram os trabalhos após concluírem que o risco havia diminuído. As buscas estão sendo apoiadas por uma equipe de 130 militares de Israel.

Segundo a Vale, a barragem havia sido inspecionada pela certificadora alemã TÜV-Süd em junho e setembro de 2018, ocasião em que foi atestada como estável.

Oficialmente, a barragem que rompeu não recebia novos rejeitos há três anos e estava em processo de desativação. A estrutura foi construída em 1976 pela antiga mineradora Ferteco Mineração, que já foi a terceira maior companhia produtora de minério de ferro do Brasil e pertenceu ao grupo alemão ThyssenKrupp. A barragem e a mina passaram para a Vale em 2001, quando a Ferteco foi vendida.

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