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Vice-premiê da Áustria Strache renuncia em escândalo de corrupção

18/05/2019 07h38

Vídeo divulgado por mídia alemã provocou queda de político de extrema direita. Premiê conservador pode dissolver coalizão de governo. Crise atinge Viena a uma semana das eleições para o Parlamento Europeu.O vice-chanceler federal austríaco Heinz-Christian Strache renunciará ao cargo, como consequência das revelações de prevaricação eleitoral por dois veículos de imprensa alemães. Ele também entregará o cargo de presidente do ultradireitista Partido da Liberdade (FPÖ) a seu vice, Norbert Hofer. O anúncio foi feito numa coletiva de imprensa em Viena, neste sábado (18/05).

Antes, o chanceler federal Sebastian Kurz, do conservador Partido Popular Austríaco (ÖVP), que governa em coalizão com o FPÖ, declarara que não pretendia manter mais Strache em seu gabinete. Assim, a uma semana das eleições para o Parlamento Europeu, Viena se encontra numa profunda crise. Não está claro se a coalizão entre conservadores e extremistas de direita será mantida ou dissolvida.

Na sexta-feira, o jornal Süddeutsche Zeitung e a revista Der Spiegel divulgaram um vídeo feito com uma câmera escondida na ilha espanhola de Ibiza, em julho de 2017, antes de Strache se tornar membro do atual governo austríaco, sob comando do chanceler federal Sebastian Kurz.

As imagens mostram um encontro entre o vice-chefe de governo e uma mulher que se apresenta como sobrinha de um oligarca russo, dizendo-se interessada em investir grande olume de dinheiro na Áustria. Também participou do encontro um aliado próximo de Strache, o deputado Johann Gudenus, do FPÖ.

Segundo a Spiegel, a russa, que não foi identificada, promete doar 250 milhões de euros e sugere várias vezes que o dinheiro teria sido obtido de maneira ilegal. "No entanto, Strache e Gudenus permaneceram na reunião por cerca de seis horas e discutiram sobre oportunidades de investimento na Áustria", escreve a revista alemã. "O encontro foi obviamente organizado como uma armadilha para os políticos do FPÖ."

Na reunião, Strache teria dito à mulher que ela obteria lucrativos contratos de construção na Áustria se comprasse um jornal austríaco e declarasse apoio ao FPÖ nas eleições parlamentares daquele ano. Ele também afirmou que, se a magnata russa ajudasse o partido a sair vitorioso, "poderia fundar uma empresa como a Strabag", referindo-se a uma importante empreiteira austríaca. "Ela receberá todos os contratos governamentais que a Strabag recebe agora", acrescentou.

Strache e Gudenus admitiram o encontro em Ibiza, mas alegaram ter se tratado de uma reunião "puramente privada" e envolvendo muito álcool. Além disso, ao longo da noite teriam lembrado repetidas vezes "as regulamentações legais relevantes e a necessidade de levar em conta a lei austríaca".

AV/dpa,ap,afp

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