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Ocidente aumenta isolamento da Rússia, no 13º dia da guerra na Ucrânia

08/03/2022 22h58

Ocidente aumenta isolamento da Rússia, no 13º dia da guerra na Ucrânia - EUA proíbem importação de gás e petróleo russo, enquanto GE, Coca-Cola, McDonald's e outras multinacionais suspendem negócios no país. Corredores humanitários começam a funcionar, mas Kiev acusa Moscou de violações.A proibição às importações de petróleo russo anunciadas pelos Estados Unidos nesta terça-feira (08/03) elevou o patamar das punições impostas pelos países ocidentais à Rússia, no 13º dia da invasão das tropas russas à Ucrânia.

Várias grandes empresas ocidentais anunciaram a suspensão de seus negócios na Rússia, aumentando o isolamento internacional do país. Entre estas, a General Electric, as redes McDonald's e Starbucks e as gigantes Coca-Cola Company e PepsiCo.

Os primeiros corredores humanitários começaram a funcionar, após dias de entraves e desentendimentos entre russos e ucranianos. Evacuações de civis ocorreram em Sumy e outras localidades, mas os diversos entraves ainda prejudicam os esforços.

Na cidade portuária de Mariupol, onde a população sitiada enfrenta uma forte escassez de recursos essenciais em meio aos contínuos bombardeios russos, a retirada dos civis não ocorreu como planejado. O governo ucraniano acusou Moscou de sabotar os esforços humanitários na região, enquanto as rotas de fugas eram alvo de ataques.

Moscou, porém anunciou para esta quarta-feira a abertura dos corredores humanitários em Kiev, Kharkiv, Sumy e Mariupol. A Ucrânia rejeitou algumas das rotas propostas pelo Kremlim que levariam os seus cidadãos à Rússia ou Belarus.

EUA e o Reino Unido proíbem importação de petróleo e gás da Rússia

Os Estados Unidos impuseram uma proibição imediata de todas as importações de petróleo e gás russos. A decisão resultou em um aumento no preço do petróleo de em torno de 4%. Em geral, o preços dos barris aumentaram 30% desde o início do conflito na Ucrânia, no dia 24 de fevereiro.

O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que a decisão foi tomada em estreita coordenação com os aliados de Washington. A Rússia é o maior exportador de óleo e gás natural do mundo. O Reino Unido também aderiu ás proibições. A Rússia, porém, alertou que os preços devem aumentar ainda mais se o Ocidente levar adiante as medidas.

Multinacionais ocidentais suspendem negócios na Rússia

As multinacionais Coca-Cola Company e PepsiCo se juntaram a outras grandes marcas e anunciaram a suspensão de todos os seus negócios na Rússia.

"Nossos corações estão com as pessoas que sofrem os efeitos inconcebíveis dos eventos trágicos na Ucrânia", afirmaram os diretores da Coca-Cola, em nota. "Continuaremos a monitorar e avaliar a situação, e a maneira com as circunstâncias se desenvolvem."

A PepsiCo informou a suspensão de todos os investimentos, campanhas publicitárias e atividades promocionais na Rússia, além de interromper suas operações na Ucrânia para permitir que seus associados possam buscar segurança. (AP)

A rede de lanchonetes McDonald's e a cadeia de cafés Starbucks anunciaram a suspensão de suas operações na Rússia.

O McDonald's informou o fechamento temporário de todas as suas 847 lojas em solo russo, incluindo a icônica lanchonete na praça Pushkin, símbolo da abertura do país após o fim da União Soviética. A empresa lamentou o impacto que sua decisão deverá ter sobre os 62 mil funcionários da rede na Rússia, mas informou que continuará pagando seus salários durante a suspensão das atividades.

A decisão do McDonald's aumentou a pressão sobre outras grandes marcas globais para que fizessem o mesmo.

Horas mais tarde, o Starbucks anunciou a suspensão de suas atividades na Rússia, incluindo a exportação de todos os produtos da rede para o país. A Starbucks possui 130 lojas no país, que são de propriedade e operadas por parceiros licenciados.

O CEO da empresa, Kevin Johnson afirmou que os detentores da licença na Rússia "concordaram em suspender a operações e fornecer apoio aos quase 2 mil parceiros que dependem do Starbucks para seu sustento".

Rússia anuncia novo cessar-fogo para permitir corredores humanitários

A Rússia anunciou um novo cessar-fogo a partir das 10h (4h no horário de Brasília) desta quarta-feira, para permitir o funcionamento dos corredores humanitários a partir de Kiev, Kharkiv, Sumy, Mariupol e outras cidades, informou a agência russa de notícias Tass.

As informações sobre os corredores foram enviadas à vice-primeira-ministra ucraniana, Irina Vereshchuk, informou o chefe do Centro de Controle da Defesa Nacional da Rússia. Mikhail Mizintsev.

"Dada a deterioração da situação humanitária [...] e com o objetivo de assegurar a segurança de civis e cidadãos estrangeiros, a Rússia observará o regime de silêncio a partir das 10hs", afirmou Mizintsev, citado pela Tass.

Mais cedo, Mizintsev disse que as autoridades ucranianas aprovaram apenas uma rota de evacuação das dez que haviam sido propostas pelos russos, sendo que cinco delas levariam a territórios controlados por Kiev.

O governo ucraniano informou que rejeitaria quaisquer rotas de fuga que levem à Rússia ou Belarus.

Zelensky evoca Churchill em mensagem ao Parlamento britânico

Em mensagem de vídeo ao Parlamento do Reino Unido, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, evocou o ex-líder britânico Winston Churchill, ao afirmar que seu país vai combater a invasão russa "nas cidades, campos e nos litorais".

"Não desistiremos e não perderemos", disse Zelensky aos parlamentares, relembrando o discurso histórico de Churchill durante a época mais sombria da Segunda Guerra Mundial, no qual ele disse que seu mais jamais se renderia ao inimigo.

Na mensagem assistida pelo plenário lotado da Câmara dos Comuns, Zelensky pediu a Londres que reforce as sanções contra a Rússia e que reconheça o agressor como um "país terrorista". Esta foi a primeira vez que um líder estrangeiro teve permissão para falar ao Parlamento britânico.

No início e no final de sua mensagem, Zelensky foi aplaudido de pé pelos parlamentares.

Ucrânia acusa Rússia de violar cessar-fogo

Autoridades ucranianas acusaram a Rússia de violar o cessar-fogo em Mariupol e outras cidades, onde comboios de ônibus tentavam trazer alimentos, água e medicamentos antes de evacuarem parte da população.

Forças russas impuseram cercos a cidades ucranianas e cortaram o abastecimento de comida, água, remédios e eletricidade, o que gerou catástrofes humanitárias. As tentativas de estabelecer corredores humanitários sofreram inúmeras dificuldades nos últimos dias, enquanto continuavam os combates e os desentendimentos entre ucranianos e russos quanto às possíveis rotas de fuga.

O ministro ucraniano do Exterior, Oleg Nikolenko, denunciou através do Twitter que a Rússia teria violado o cessar-fogo em Zaporíjia. Ele pediu maior pressão internacional sobre a Rússia para que Moscou cumpra o que foi acordado.

Segundo a agência de notícias Associated Press, a presidência da Ucrânia foi informada de violações do cessar-fogo logo em Mariupol logo após os ônibus começarem o trajeto para a cidade, com bombardeios ocorrendo na rota de fuga.

O prefeito de Mariupol expressou dúvidas quanto ao prosseguimento da evacuação, uma vez que forças russas continuavam a bombardear a região onde as pessoas tentavam se reunir. Ele disse que algumas rodovias estão minadas, e outras, bloqueadas.

A cidade portuária de Mariupol é um importante ponto estratégico. Uma vez capturada, poderá possibilitar a Moscou um corredor direto por terra para a Península da Crimeia, tomada por pela Rússia da Ucrânia em 2014. Calcula-se que em torno de 200 mil dos 430 mil habitantes estejam tentando deixar a cidade.

Cruz Vermelha diz que situação em Mariupol é "apocalíptica"

Desde o último sábado, várias tentativas de retirar civis em segurança da cidade portuária de Mariupol, que tem cerca de 440 mil habitantes, falharam. De acordo com trabalhadores de ajuda humanitária, a situação é catastrófica.

"A situação é apocalíptica", informou o porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em Genebra, Ewan Watson. Segundo ele, em Mariupol, todos os suprimentos acabaram. O CICV já entregou todos os seus estoques e tenta levar mais suprimentos à Ucrânia de todas as maneiras possíveis.

O CICV disse que está pronto para facilitar a retirada de civis. No entanto, a Rússia e a Ucrânia ainda não criaram as condições para isso. "Estamos tentando desesperadamente facilitar o diálogo", afirmou Watson.

O pré-requisito para a retirada de pessoas é que elas viajem voluntariamente e sejam levadas para um local seguro.

Kiev diz que avanço de forças russas estagnou em algumas regiões

A Ucrânia disse nesta terça-feira que o avanço das forças russas não só diminuiu significativamente, como em algumas áreas praticamente estagnou, segundo o assessor presidencial Oleksiy Arestovych.

"O ritmo de avanço do inimigo diminuiu significativamente. Agora em algumas áreas praticamente parou", afirmou ele em uma mensagem de vídeo postada pelo Escritório da Presidência ucraniana no Telegram.

Ele explicou que "as forças que continuam a avançar o fazem em pequenos grupos e realizam o reconhecimento e não representam uma grande ameaça nessas cidades".

Mais cedo, o Comando Geral das Forças Armadas da Ucrânia informou que o ritmo do avanço "diminuiu significativamente, embora o oponente continue a operação ofensiva nas zonas operacionais sul, leste e norte".

Em seu segundo comunicado no dia, o Comando Geral acrescentou que as forças russas continuam a ofensiva com o apoio de aeronaves e armas de alta precisão.

Estão concentrando esforços em "criar condições para tomar o controle de Kiev, Kharkiv, Chernobyl, Sumy, Mariupol, Mykolaiv e acesso às fronteiras administrativas das regiões [separatistas] de Donetsk e Lugansk", diz a nota.

"Ao mesmo tempo, ainda há sinais de prontidão da liderança militar-política da República de Belarus para uma possível participação em larga escala das Forças Armadas da República de Belarus nas hostilidades contra a Ucrânia", acrescenta o texto.

Alemanha abre investigação sobre crimes de guerra na Ucrânia

A promotoria federal da Alemanha abriu uma investigação sobre suspeitas de crimes de guerra que teriam sido cometidos por militares russos na invasão da Ucrânia, informaram as autoridades nesta terça-feira, em meio à indignação internacional por ataques que atingem civis e a infraestrutura de serviços públicos.

"Vamos coletar e armazenar todas as provas de crimes de guerra", disse o ministro da Justiça da Alemanha, Marco Buschmann. A promotoria, sediada na cidade de Karlsruhe, abriu uma "investigação estrutural" para iniciar a coleta de provas.

O ataque da Rússia à Ucrânia é "uma grave violação do direito internacional que não pode ser justificada por nada", disse. "Possíveis violações do direito penal internacional devem ser consistentemente processadas."

Otan volta a reiterar que protegerá "cada centímetro do território aliado"

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, voltou a pedir nesta terça-feira que Moscou encerre seu ataque à Ucrânia, prometendo não deixar o conflito se espalhar para outros países.

Stoltenberg disse que a situação na Ucrânia pode sair do controle e que o impacto humanitário da invasão da Rússia foi devastador, em meio ao que chamou de relatos confiáveis de que tropas russas estavam atacando civis.

"Temos a responsabilidade de garantir que o conflito não aumente e se espalhe além da Ucrânia", disse Stoltenberg, falando ao lado do presidente da Letônia, Egils Levits.

Ele também reiterou que a Otan cumprirá suas obrigações de defesa coletiva sob o Artigo 5 do Tratado do Atlântico Norte, a base legal da aliança militar.

"Vamos proteger e defender cada centímetro do território aliado", garantiu.

Agência russa diz que país quer "coexistência pacífica" da Guerra Fria

De acordo com uma declaração do Ministério do Exterior da Rússia, Washington e Moscou deveriam colocar novamente em prática um princípio de "coexistência pacífica" semelhante ao que foi aplicado durante a Guerra Fria (1947-1991).

O ministério russo também teria dito estar aberto ao diálogo "honesto e de respeito mútuo" com os Estados Unidos e que espera que as relações entre os dois países possam voltar à normalidade.

Número de refugiados chega a 2 milhões

O número de refugiados devido à invasão russa na Ucrânia atingiu 2 milhões de pessoas nesta terça-feira (08/03). A informação foi divulgada pelo chefe do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), Filippo Grandi.

A maioria desse contingente foi para a Polônia, que faz fronteira com a Ucrânia a oeste do território ucraniano. Em torno de 1,2 milhão de pessoas teriam se dirigido para cidades polonesas.

rc (AFP, AP, Reuters, dpa)