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Baerbock promete apoio à Ucrânia apesar de pressão russa

10/09/2022 06h48

Baerbock promete apoio à Ucrânia apesar de pressão russa - Ministra alemã do Exterior faz visita surpresa a Kiev e critica o que chamou "chantagem de Putin" com cortes no fornecimento de gás. Alemanha anuncia envio de peritos para investigar crimes de guerra na Ucrânia.A ministra do Exterior da Alemanha, Annalena Baerbock, afirmou neste sábado (10/09), ao chegar em Kiev, que Berlim continuará apoiando a Ucrânia apesar da pressão da Rússia com a redução do fornecimento de gás. A ministra chegou à capital ucraniana para uma visita surpresa – a segunda desde que Moscou invadiu o país.

"Eu viajei para Kiev para mostrar que podem continuar confiando em nós. Vamos apoiar a Ucrânia enquanto for necessário, com entrega de armas, com ajuda humanitária e financeira", declarou Baerbock, num comunicado divulgado pelo Ministério alemão do Exterior.

Na avaliação da ministra, o presidente russo, Vladimir Putin, espera que a Alemanha se canse de se simpatizar com o sofrimento na Ucrânia. "Putin acredita que pode dividir nossas sociedades com mentiras e nos chantagear com o fornecimento de energia", afirmou, acrescentando que a estratégia do líder russo não irá funcionar.

"Há meses os ucranianos e ucranianas lutam por todo. Eles lutam contra a agressão russa, não só para defender o seu direito humano à paz e à liberdade, mas também para defender a nossa ordem de paz europeia", ressaltou Barbock.

Desde da imposição de sanções contra a Rússia devido à invasão da Ucrânia, Moscou suspendeu o fornecimento de gás a diversos países europeus. No início de setembro, a Rússia anunciou a suspensão completa do envio de gás para a Alemanha por tempo indeterminado, alegando supostos problemas técnicos.

Na quarta-feira, Putin ameaçou cortar o fornecimento de petróleo e gás aos europeus caso os preços dos combustíveis sejam limitados.

Ajuda na investigação de crimes de guerra

Na Ucrânia, Baerbock anunciou ainda que a Alemanha pretende ajudar Kiev a realizar operações de remoção de minas em antigas zonas de combate e "lançar luz sobre os crimes de guerra cometidos, em particular enviando peritos, incluindo um procurador", especificou.

Ao visitar um campo minado perto de Kiev, Baerbock afirmou que a remoção de minas é tão fundamental quanto o envio de armas para garantir a segurança daqueles que vivem em regiões que foram ocupados por tropas russas. A ministra acusou militares russos de utilizar as minas para matarem civis e contou que ouviu relatos de minas que foram encontradas em brinquedos dentro de casas após a retirada dos russos.

A ministra viajou para Kiev durante a noite num trem especial com uma pequena delegação. A agenda de Baerbock na capital ucraniana incluiu um encontro com o ministro do Exterior da Ucrânia, Dmytro Kuleba.

Em 10 de maio, Baerbock foi a primeira representante do governo alemão a visitar a Ucrânia desde o início da guerra em 24 de fevereiro. O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, esteve em Kiev em meados de junho, ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron, do primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, e do presidente da Romênia, Klaus Iohannis.

Apoio tímido no início da guerra

A atitude inicial hesitante da Alemanha em relação a Moscou após a eclosão da guerra em fevereiro e a falta inicial de apoio militar de Berlim a Kiev irritaram profundamente o governo ucraniano. Entretanto, a situação mudou. Scholz disse querer que o seu país assuma uma "responsabilidade especial" para ajudar a Ucrânia a fortalecer os seus sistemas de artilharia e defesa aérea.

Uma nova era nas relações bilaterais, menos tensa, parece estar ocorrendo, ilustrada pela iminente chegada de um novo embaixador ucraniano em Berlim. O antecessor, Andrij Melnyk, atacou a atitude tímida da Alemanha em relação à Rússia durante meses.

A ofensiva russa lançada em 24 de fevereiro na Ucrânia já levou quase 13 milhões de ucranianos a deixarem suas casas – mais de 6 milhões de deslocados internos e quase 7 milhões fugiram para os países vizinhos –, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

A invasão russa foi condenada pela comunidade internacional, que tem respondido com envio de armas para a Ucrânia e sanções à Rússia em todos os setores. Segundo a ONU, a guerra já deixou mais de 5,5 mil civis mortos e 7,8 mil feridos, no entanto, avalia que os números reais são muito superiores e só serão conhecidos no final do conflito.

cn (Reuters, dpa, Lusa)