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UE suspende ajuda financeira ao Níger após golpe de Estado

27.jul.23 - Uma visão geral da fumaça crescente enquanto apoiadores das forças de defesa e segurança do Níger atacam a sede do Partido para a Democracia e Socialismo do Níger (PNDS), o partido do presidente deposto Mohamed Bazoum, em Niamey Imagem: -/AFP

29/07/2023 09h45Atualizada em 29/07/2023 11h07

A União Europeia (UE) informou neste sábado (29/07) que não reconhecerá o governo instaurado no Níger após o golpe de Estado perpetrado pelos militares no país da África Ocidental.

O bloco europeu, assim com os Estados Unidos e outros países, exigem a libertação incondicional do presidente democraticamente eleito, Mohamed Bazoum, e a restauração da ordem.

Na última quarta-feira, soldados da Guarda Presidencial tomaram a sede do governo na capital, Niamey, e prenderam Bazoum, que estava no poder desde 2021. Ele está detido em sua residência oficial.

O general Abdourahamane Tchiani, que liderava a Guarda Presidencial desde 2011, se autodeclarou o novo chefe de Estado do país em pronunciamento em rede nacional, nesta sexta-feira.

Suspensão "por tempo indeterminado"

"A União Europeia não reconhece e não reconhecerá as autoridades do golpe no Níger", afirmou o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, em nota.

"Todas as cooperações na área de segurança estão suspensas por tempo indeterminado, e com efeito imediato." Ele também anunciou a suspensão da ajuda financeira do bloco ao país, que vive graves problemas econômicos.

Borrell destacou que Bazoum "permanece sendo o único presidente legítimo do Níger", e pediu sua libertação imediata. Ele responsabilizou os autores do golpe pela segurança do presidente e de sua família.

O diplomata disse que a UE está pronta para apoiar as futuras decisões a serem tomadas pelo bloco dos países da região, "incluindo a adoção de sanções". O presidente da Nigéria, Bola Tinubu, confirmou que os líderes da Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental se reunirão em Abuja neste domingo para discutir a situação.

O Níger é um dos maiores recipientes da ajuda dos países ocidentais e um dos principais parceiros da UE para conter a imigração ilegal através da África Subsaariana. A UE também possui um pequeno contingente militar no país, em missão de treinamento.

Bruxelas havia dedicado 503 milhões de euros (R$ 2,6 bilhões) de seu orçamento entre 2021 e 2024 para investimentos em educação, crescimento sustentável e governança no Níger.

EUA ameaçam cortar apoio financeiro

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou neste sábado que a tomada de poder no Níger ameaça o apoio econômico dos Estados Unidos ao país africano, e pediu a "imediata restauração da democracia e da ordem".

"Nossa parceria econômica e de segurança com o Níger - o que significa centenas de milhões de dólares - depende da continuação da governança democrática e da ordem constitucional interrompidas pelos acontecimentos dos últimos dias", disse o secretário.

"Essa assistência relevante que fornecemos, que faz diferença material na vida da população do Níger, está sob clara ameaça, e nós comunicamos isso com a maior clareza possível aos responsáveis pela perturbação à ordem constitucional e à democracia no Níger."

Blinken evitou se referir à tomada de poder pelos militares como um golpe de Estado, o que poderia implicar na suspensão imediata do apoio financeiro americano.

Fronteiras fechadas e toque de recolher

Na quarta-feira, um dos líderes do golpe, o coronel Amadou Abdramane, afirmou em comunicado transmitido pela televisão que as forças de defesa e segurança decidiram "pôr fim ao regime devido à deterioração da situação de segurança e à má governança".

Abdramane anunciou que as fronteiras do país permaneceriam fechadas e que seria imposto um toque de recolher nacional a partir da quinta-feira, das 22h às 5h, até segunda ordem. Os militares também advertiram contra qualquer intervenção estrangeira.

Os países vizinhos Mali e Burkina Faso também vem sofrendo golpes de Estado desde 2020. Os dois países enfrentam insurgências de grupos jihadistas associados ao "Estado Islâmico" (EI) e a Al-Qaeda.

AFP, Reuters, AP

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