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Carga de navio que naufragou há 2.000 anos na Itália é achada intacta

Pesquisadores encontraram ânforas no fundo do mar Imagem: Facebook/Soprintendenza del Mare

Do UOL*, em São Paulo

15/11/2024 05h30

A Superintendência do Mar da Itália encontrou restos de um navio supostamente naufragado há 2.000 anos com carga intacta na costa da Sicília. Segundo a instituição, a descoberta pode dar pistas de rotas comerciais do passado.

O que aconteceu

Ânforas foram vistas por pescadores em 2022 Imagem: Facebook/Soprintendenza del Mare

Pesquisadores encontraram 40 ânforas —uma espécie de vaso antigo— no fundo do mar. Segundo a superintendência, muitas delas ainda estão "perfeitamente alinhadas na posição original de armazenamento do navio". Por isso, eles acreditam que a embarcação está também enterrada no local.

As ânforas permitem entender as rotas comerciais. O recipiente de cerâmica era utilizado no transporte de mercadorias. Os que foram encontrados no fundo do mar são do tipo "Richborough 527", que já foi identificado no sítio arqueológico de Richborough, em Kent, na Inglaterra. O mesmo tipo também já foi identificado na década de 1990, na ilha de Lipari, na Itália.

Elas eram usadas no Neolítico à Idade Média. Eram as embalagens one-way (fabricadas para serem usadas uma única vez) da Antiguidade. Com capacidades de cinco a 80 litros, nelas transportava-se todo tipo de gêneros alimentícios: de azeite, vinho, mosto, mel, cereais e azeitonas, a vegetais em conserva e garo —um condimento de peixe tão apreciado na cozinha romana quanto hoje o molho de soja na asiática.

Ânforas podem trazer mais conhecimento sobre rotas comerciais antigas Imagem: Soprintendenza del Mare/Facebook

Depois de cumprir seu papel, elas eram praticamente sem valor. Aquelas em que se transportara óleo não serviam para mais nada e muitos recipientes eram descartados no mar ou num aterro. Um desses "lixões" alcançou 40 metros de altura e ainda existe: o Monte Testácio, em Roma. Embora hoje coberto de vegetação, calcula-se que sob sua superfície encontrem-se ainda cerca de 50 milhões de restos de antigas ânforas.

Expectativa é identificar se ânforas são do mesmo tipo das encontradas em Lipari. Os objetos da ilha italiana foram identificadas como sendo originalmente do final do século 1 AEC (Antes da Era Comum) e o início da Era de Augusto. Se esta correlação for confirmada, será possível obter novas informações sobre as antigas rotas comerciais.

Local era monitorado desde 2022. Dois pescadores da cidade de Avola notaram objetos no fundo do mar. Eles estavam localizados a cerca de 70 metros de profundidade. Os pesquisadores então utilizaram técnicas de fotogrametria 3D para obter mais dados sobre a descoberta.

Pesquisadores utilizaram técnicas de fotogrametria 3D para obter mais dados sobre ânforas Imagem: Facebook/Soprintendenza del Mare

Ânforas são protegidas por lei. Até hoje, elas são encontradas nos mares da Itália, Grécia, Espanha ou Turquia. Quem as achar deve deixá-las onde estão e comunicar às autoridades locais. Levar consigo até mesmo um pedaço constitui delito, pois tráfico de bens culturais para fora dos respectivos países é ilegal e punível com multas elevadas e prisão.

*Com informações da DW

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