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Passageiros do cruzeiro dados como desaparecidos são localizados em Roma

Em Roma

15/01/2012 10h16Atualizada em 15/01/2012 11h21

Dois japoneses que estavam a bordo do cruzeiro Costa Concordia que encalhou em águas da ilha italiana de Giglio foram localizados em Roma, e se somam aos três sobreviventes localizados no navio nas últimas horas.

Neste domingo (15), o prefeito de Grosseto, Giuseppe Linardi, informou que os dois passageiros estavam na lista de 40 desaparecidos, mas se apresentaram nesta manhã em Roma. Os japoneses relataram que depois de chegarem até o porto de Santo Stefano foram de ônibus com mais outros dois amigos, também do Japão, para Roma.

Ao contrário desses dois últimos, eles não se identificaram às autoridades logo após a chegada, gerando a confusão que levou a inclusão de seus nomes na lista de desaparecidos.

Linardi admitiu que o processo de identificação dos passageiros está sendo complicado, porque em sua grande maioria os turistas são estrangeiros e podem ocorrer erros na transcrição dos sobrenomes, principalmente na grafia.


Neste domingo foram localizadas no interior do navio três pessoas, um casal de recém-casados coreanos e o comissário-chefe da embarcação.

Os coreanos --Hye Jim Jeong e Kideok Han, ambos de 29 anos-- foram encontrados no interior da cabine que ocupavam, no oitavo andar. O casal, em viagem de lua de mel, tinha embarcado no porto de Civitavecchia, a 70 km ao norte de Roma, poucas horas antes do naufrágio. Levados para um hospital da localidade de Orbetello, já foram liberados e estão a caminho de Roma.

O comissário-chefe do Costa Concordia, Marrico Giampetroni, foi achado em uma área alagada e os bombeiros agiram com muita cautela para resgatá-lo porque a ala está em ruínas.

Até agora, os mortos no acidente com o maior navio da companhia italiana Costa Cruzeiros se mantém em três, um peruano membro da tripulação e dois turistas franceses. Os feridos somam cerca de 50 e os desaparecidos 36 pelas últimas estimativas dos bombeiros.

Passageiros

No total, 3.200 passageiros estavam no navio. Segundo a empresa responsável pelo cruzeiro, havia passageiros de inúmeras nacionalidades, incluindo italianos (989), alemães (569), franceses (462), espanhóis (177), americanos (129), croatas (127), russos (108), colombianos (10), chilenos (10), peruanos (8), venezuelanos (5), cubanos (2), equatorianos (2), mexicanos (2) e um uruguaio.

O consulado do Brasil em Roma informou que 53 brasileiros estavam no navio de cruzeiro que naufragou na costa italiana na noite de sexta-feira (13). Segundo o consulado, a empresa Costa Cruzeiros, dona da embarcação, disse que 47 dos brasileiros eram passageiros e os outros seis, tripulantes. Não há informações de brasileiros entre os mortos, feridos e desaparecidos.

Comandante

O comandante do Costa Concordia foi detido e interrogado pelo procurador chefe da localidade, Francesco Verusio. Francesco Schettino, de 52 nos e natural de Nápoles, foi ouvido por várias horas por Verusio. A promotoria o acusa de homicídio culposo múltiplo, naufrágio e abandono do navio enquanto muitos passageiros ainda se encontravam na embarcação.

Superstição no mar

De acordo com a imprensa italiana, o comandante deixou o cruzeiro por volta das 23h30 (hora local), quando parte dos tripulantes e dos passageiros ainda aguardavam para serem levados. As últimas pessoas só deixaram o navio por volta das 2h30 e 3h deste sábado.

Outro tripulante do Costa Concordia, o primeiro oficial da ponte de comande, Ciro Ambrosi, também está sendo investigado, de acordo com a imprensa local.

A caixa-preta da embarcação, na qual se encontram as gravações das conversas entre o navio e o porto de Livorno, o mais importante da região, já foi recuperada, informou o procurador chefe. Verusio disse que o impacto com as rochas aconteceu às 21h45 e que as capitanias dos portos próximos não foram avisadas imediatamente.

De acordo com a primeira reconstituição feita por Verusio, o capitão se aproximou demais da ilha de Giglio, fez uma manobra errada e o lado esquerdo do casco do navio se chocou com as rochas. Em pouco tempo, muita água entrou na embarcação.

De acordo com a companhia proprietária do navio, a Costa Cruzeiros, o comandante Schettino assegurou neste sábado que as pedras não apareciam no mapa que estava no Costa Concordia.

Rota

O navio Costa Concordia realizava um cruzeiro de uma semana pelo Mediterrâneo quando se chocou aparentemente contra uma rocha perto da ilha de Giglio, no sul de Toscana, levando a bordo 4.231 pessoas, entre elas inúmeros estrangeiros. Os passageiros foram levados para terra firme. Muitos dos passageiros estavam jantando quando o navio encalhou e, tomados pelo pânico, alguns se jogaram na água gelada.

Rota que o navio Costa Concordia deveria ter feito

  • Reprodução

Luciano Castro, um dos passageiros do Costa Concordia, disse à imprensa italiana que por volta das 21h30 local "todos estavam jantando quando a luz apagou, houve um tranco e os pratos caíram da mesa".

Quando a luz voltou, o comandante anunciou uma avaria no gerador elétrico e garantiu um conserto rápido, mas o barco começou a adernar.

A tripulação pediu que todos colocassem os coletes salva-vidas e logo veio a ordem para abandonar o navio, revelou Castro. Outra passageira, a jornalista Mara Parmegiani, descreveu "cenas de pânico dignas do 'Titanic'", com empurrões entre os evacuados, gritos e choros.

Também denunciou a falta de preparação da tripulação, afirmando que houve problemas quando os botes salva-vidas foram lançados ao mar e que alguns coletes salva-vidas não funcionaram.

Unidades da Guarda Costeira, navios mercantes e ferries garantiram a evacuação dos passageiros e tripulantes para a ilha de Giglio.

No total, 12 navios e nove helicópteros foram mobilizados para verificar se não há ninguém no mar, segundo o porta-voz da capitania de Livorno, Emilio Del Santos.

O armador Costa Crociera, dono do barco, se declarou "consternado" e expressou seus pêsames às famílias. Indicou que não é possível determinar de imediato as causas do acidente e assegurou que a evacuação foi rápida, apesar de difícil, já que estava entrando muita água no barco.

Segundo a empresa, o barco havia partido de Savona para um cruzeiro pelo Mediterrâneo, com escalas previstas em Civitavecchia, Palermo, Cagliari (Itália), Palma de Mallorca, Barcelona (Espanha) e Marselha (França). O Costa Concordia, de 290 metros, tem 58 quartos com suíte e balcão, cinco restaurantes, 13 bares e quatro piscinas.

Memória

O acidente desta madrugada trouxe à memória o desastre do Titanic, a mais emblemática tragédia marítima da história. Mais de 1.500 pessoas morreram no naufrágio que virou filme, o luxuoso transatlântico britânico que colidiu no dia 15 de abril de 1912 contra um iceberg em frente à ilha de Terra Nova, no Atlântico Norte.

O acidente mais grave da história da navegação comercial ocorreu em 20 de dezembro de 1987, no litoral da ilha filipina de Leyte, quando o choque entre a embarcação Doña Paz e um petroleiro causou a morte de ao menos 4.300. A maior catástrofe naval ocorrida na Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial envolveu a embarcação Estonia, que afundou em 28 de setembro de 1994 no Mar Báltico provocando a morte de 852 pessoas. (Com AFP e Folha.com)