Tunísia demite diretor da TV estatal após exibição de imagem de decapitado

O primeiro-ministro da Tunísia, Habib Essid, ordenou neste domingo (15) a demissão do diretor da rede de televisão estatal, Mustafa ben Letaief, aparentemente devido à emissora ter exibido a imagem da cabeça cortada de um adolescente supostamente decapitado por um grupo jihadista.

Em comunicado, o escritório do chefe do governo anunciou que o jornalista Rached Younes assumirá de forma interina a direção do canal nacional "Al Wataniya 1".

Embora o comunicado não especifique as razões da demissão, ele foi divulgado poucas horas depois de a Associação Nacional de Jornalistas tunisianos ter criticado a exibição, em um jornal, de uma notícia na qual se via a cabeça cortada de um jovem de 16 anos, pastor de profissão.

O adolescente tinha sido capturado na sexta-feira por uma célula do grupo jihadista local Okba bin Nefa nas montanhas próximas à fronteira com a Argélia junto com outro pastor, de 14 anos, a quem obrigaram a levar a cabeça do rapaz a sua família na cidade de Sidi Bouzid como aviso para que não colaborem mais com a polícia.

Aparentemente, a família guardou a cabeça na geladeira até entregá-la às forças de segurança, imagem que foi mostrada em um jornal que foi ao ar ao meio-dia.

Para a associação de jornalistas tunisianos, divulgar esta imagem foi "um grave erro" que viola as normas deontológicas da cobertura de notícias sobre terrorismo.

Esta é a segunda vez em menos de um mês que uma célula do Okba bin Nefa, ligado à organização terrorista Estado Islâmico, captura um pastor em região montanhosa na fronteira com a Argélia e o decapita após acusá-lo de colaborar com as forças de segurança.

O governo tunisiano responsabiliza o Okba bin Nefa dos dois atentados que em março e junho deste ano mataram 60 turistas estrangeiros no museu do Bardo, na capital Túnis, e em um hotel da cidade litorânea de Sousse.