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Maduro diz que não vai apoiar lei de anistia em favor de políticos presos

"Não aceitarei nenhuma lei de anistia porque foram violados os direitos humanos", disse o presidente da Venezuela - Carlos Garcia /Reuters
"Não aceitarei nenhuma lei de anistia porque foram violados os direitos humanos", disse o presidente da Venezuela Imagem: Carlos Garcia /Reuters

Em Caracas (Venezuela)

09/12/2015 00h55

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta terça-feira (8) que não apoiará "nenhuma" lei de anistia que será proposta pelo novo parlamento, que será controlado pela oposição a partir de janeiro, para libertar os políticos presos ao assinalar que os que estão detidos fizeram um plano para derrubá-lo e assassinaram "um povo" para isso.

"Digo como chefe de Estado que não aceitarei nenhuma lei de anistia porque foram violados os direitos humanos. Eles poderão me enviar milhares de leis, mas os assassinos de um povo têm que ser julgados e têm que pagar", comentou o presidente durante seu programa de rádio e televisão "Em contato com Maduro".

Com essas palavras, o chefe de Estado reagiu ao anúncio da oposição venezuelana de que entre as primeiras ações do novo parlamento que se instalará em 5 de janeiro está pedir uma lei de anistia para aqueles que consideram "presos políticos".

O governante lembrou que em fevereiro de 2014 se iniciou uma onda de protestos antigovernamentais que, em muitos casos, se realizou com barricadas, as chamadas "guarimbas", nas quais se impedia a passagem de veículos e pessoas.

"Durou quase seis meses, uma operação nacional e internacional apoiada pelo governo dos Estados Unidos, e por toda a mídia mundial. O resultado: 43 mortos, 900 feridos, a maioria deles, boa parte deles, assassinados por franco-atiradores", disse Maduro.

O presidente assinalou que os crimes cometidos no contexto da "guarimba" se qualificam como "graves delitos de lesa-humanidade" e são "imprescritíveis de acordo com a Constituição", por isso não vai apoiar leis de anistia para os presos por esses protestos.

De acordo com a oposição venezuelana, mais de 50 pessoas permanecem presas pelos fatos ocorridos em 2014, entre eles o líder opositor Leopoldo López, que está na cadeia desde fevereiro do ano passado e foi sentenciado em setembro a quase 14 anos de prisão.

López foi condenado por incitação à violência, formação de quadrilha, danos à propriedade e incêndio pelos incidentes violentos que se produziram ao término de uma manifestação convocada por ele em 12 de fevereiro de 2014, que terminaram com três mortes.

A procuradoria informou depois que pelas duas primeiras mortes registradas foram acusados pelo menos cinco funcionários dos Serviços de Inteligência da Venezuela.

Esse dia se iniciou na Venezuela, no marco de uma estratégia que López chamou de "La Salida" (A Saída, tradução livre), uma onda de protestos antigovernamentais com barricadas populares que estiveram ativas ao longo do primeiro semestre do ano passado.

O balanço oficial dos quatro meses de protestos foi de 43 mortos, entre ativistas simpáticos e opositores ao governo de Maduro, agentes dos órgãos de segurança e transeuntes, a maioria deles baleados.

Por essas mortes também estão presos efetivos das forças de segurança do Estado.