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Hungria submeterá plano europeu de realocação de refugiados a referendo

24/02/2016 11h27

Budapeste, 24 fev (EFE).- O primeiro-ministro da Hungria, o conservador Viktor Orbán, anunciou nesta quarta-feira que seu governo organizará um referendo sobre o plano europeu de cotas obrigatórias para distribuir os refugiados entre os países comunitários.

"Você quer que a União Europeia (UE) disponha, sem o consentimento do parlamento (da Hungria) sobre o assentamento de cidadãos não-húngaros na Hungria?" será a pergunta dessa consulta, na qual o Executivo apoiará o "não".

"Quem votar pelo não votará pela independência da Hungria", afirmou Orbán, que se opôs desde o início ao sistema de cotas obrigatórias para realocar os refugiados.

O primeiro-ministro não especificou quando o referendo será realizado.

"A democracia em uma das bases mais importantes da UE. Não podemos tomar decisões sem consultar o povo", acrescentou Orbán, que nos últimos meses criticou várias vezes as políticas europeias na atual crise migratória.

"A pergunta mais importante é sobre quem compõe a nação", avaliou primeiro-ministro, que afirmou que uma instituição supranacional não pode impor decisões tão importantes e voltou a dizer que os refugiados põem em perigo a identidade europeia.

Estas cotas modificariam "a identidade cultural e religiosa da Europa", acrescentou, recalcando que "nem Bruxelas nem nenhuma instituição europeia tem direito a isso".

A Hungria, junto com outros países do leste, como Polônia, República Tcheca e Eslováquia, se opõe ao sistema de cotas fixado em setembro.

A Hungria já havia apresentado em dezembro um recurso contra esta decisão no Tribunal Europeu de Justiça.

Segundo o sistema de cotas, a Hungria, país de 10 milhões de habitantes, deveria receber 2.352 refugiados.

O governo de Orbán fechou em outubro suas fronteiras com cercas para barrar os refugiados e ofereceu ajuda material e humana a Macedônia para também proteger suas fronteiras com uma cerca.

Orbán disse hoje que "o caminho eleito pelo governo (húngaro) é parte da política europeia" e encorajou outros países a seguirem esta solução contra a adoção de cotas.