Embaixadores da UE lembram Nemtsov na ponte onde foi assassinado na Rússia
"Da mesma forma que há um ano viemos manifestar o importante, que é levar os que organizaram e perpetraram este crime horrível à justiça", disse à imprensa ++Vigaudas++ ++Usackas++, embaixador da UE na Rússia.
Os diplomatas europeus percorreram a pé a ponte sobre o rio ++Moscova++ até a altar com flores, fotos e velas erigido pelos partidários do político liberal, inimigo acérrimo do presidente russo, Vladimir Putin.
Ali fizeram um minuto de silêncio e depositaram ramos de flores em memória ao opositor, que foi governador, deputado, vice-primeiro-ministro e afilhado político do primeiro presidente russo após o fim da União Soviética, Boris Yeltsin.
"Nemtsov era um político brilhante que defendia nossa causa comum, as relações entre a Rússia e a União Europeia. Foi assassinado de maneira cruel, o que indignou todos nós", disse ++Usackas++.
O diplomata lituano também lembrou que Nemtsov foi um dos pioneiros do movimento democrático nos últimos anos de vida da União Soviética e que passou à oposição após a chegada ao poder de Putin, e um defensor dos mesmos princípios defendidos pela UE.
Ele não quis falar sobre a manifestação que pedia a investigação sobre o assassinato nem sobre o pedido de colocar o nome de Nemtsov na ponte em que foi morto, argumentando que são "assuntos internos" da Rússia.
Por esse mesmo motivo, os diplomatas europeus também não foram ontem à passeata em memória de Nemtsov organizada pela oposição extraparlamentar e que reuniu dezenas de milhares de pessoas.
O embaixador americano, John ++Tefft++, que qualificou o opositor de "amigo" dos Estados Unidos, depositou flores na ponte sábado, dia do aniversário do assassinato de Nemtsov, que foi baleado enquanto investigava a morte de soldados russos na Ucrânia.
Enquanto, os russos seguiram se aproximando da ponte, que fica a poucos metros das muralhas do Kremlin e da Praça Vermelha, para colocar flores, velas e cartazes, ou simplesmente rezar.
Entre eles estava uma compungida ++Sveta++, que viajou especialmente da região de ++Karelia++, no noroeste, para homenagear Nemtsov, a quem disse ter conhecido pessoalmente, e denunciar a repressão das liberdades fundamentais.
Já Oleg quis chamar a atenção sobre o erro histórico que o atual enfrentamento entre Rússia e Ucrânia significa, por considerá-los "povos eslavos irmãos".
"Meu pai é ucraniano e minha mãe é russa. Vivo em Moscou", comentou à Efe enquanto carregava duas pequenas bandeiras, uma russa e outra ucraniana.
As manifestações pacíficas convocadas ontem em memória do político liberal em Moscou, São Petersburgo e outras cidades da Rússia europeia e da Sibéria se transformaram em manifestações contra o governo há apenas seis meses para as eleições parlamentares.
A oposição extraparlamentar voltou a acusar Putin de criar o clima de ódio que provocou a morte de Nemtsov, considerado o crime político mais famoso da história do país desde o fim da União Soviética, há 25 anos.
A reação do Kremlin e das autoridades ao aniversário foi o mais estrito dos silêncios, embora não no caso da Duma, que se negou a fazer na sexta-feira um minuto de silêncio em homenagem ao antigo parlamentar liberal.