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"El Chapo" esteve 2 vezes nos EUA durante sua fuga, diz filha

O narcotraficante Joaquin Guzman, mais conhecido como  "El Chapo", é escoltado por soldados durante apresentação na Cidade do México - Tomas Bravo/Reuters
O narcotraficante Joaquin Guzman, mais conhecido como "El Chapo", é escoltado por soldados durante apresentação na Cidade do México Imagem: Tomas Bravo/Reuters

Em Londres

04/03/2016 13h44

O traficante de drogas mexicano Joaquín "El Chapo" Guzmán esteve duas vezes nos Estados Unidos após sua fuga em julho de 2015, segundo revelou nesta sexta-feira (4) sua filha mais velha, Rosa Isela Guzmán Ortiz.

Em entrevista publicada pelo jornal britânico "The Guardian", Rosa assegurou que funcionários mexicanos ajudaram seu pai a atravessar a fronteira para visitar familiares, após escapar do presídio de segurança máxima El Altiplano, no Estado do México, através de um túnel de 1,5 quilômetro.

A filha do traficante, que se tornou um dos fugitivos mais procurados do mundo, afirmou em sua primeira entrevista a um meio de comunicação que políticos mexicanos aceitaram doações de "El Chapo" para suas campanhas eleitorais, o que lhe serviu, segundo sua versão, para facilitar sua fuga.

"Meu pai não é um criminoso. O governo que é culpado", disse Rosa, de 39 anos, que teve diversas conversas com jornalistas de "The Guardian" com a aprovação de "El Chapo", de 61 anos.

A filha do chefão das drogas comentou que seu pai esteve no final de 2015 em sua casa da Califórnia (EUA), onde vive com seus quatro filhos.

"El Chapo" mantém diversos laços familiares nos EUA, país natal de sua terceira esposa, Emma Coronel.

Rosa não revela na entrevista detalhes de como "El Chapo" conseguiu atravessar a fronteira americana sem ser detectado.

"Eu lhe perguntei o mesmo, acreditem. A única coisa que sei é que meu pai encarregou seu advogado de entregar alguns cheques para campanhas (políticas) e pediu que lhe respeitasse", afirmou, enquanto indica que sua família está considerando publicar cópias desses cheques junto com os nomes de funcionários e políticos que os aceitaram.

"Se há um pacto, não o respeitaram. Agora que o capturaram dizem que é um criminoso, um assassino. Mas não diziam isso quando pediam dinheiro para suas campanhas. São uns hipócritas", disse a filha do traficante.

No dia seguinte da fuga de "El Chapo", o presidente do México, Enrique Peña Nieto, tachou o sucedido como uma "afronta" para o país e anunciou uma "investigação a fundo para determinar se houve servidores públicos em cumplicidade ou envolvidos na fuga".

A Agência Antidrogas Americana (DEA) ofereceu uma recompensa de US$ 5 milhões de dólares por qualquer informação que levasse a sua captura.

No começo de janeiro, o traficante foi detido em Sinaloa, no nordeste do México, um dos berços do tráfico de drogas na América do Norte.

"El Chapo" tinha ficado internacionalmente famoso com uma fuga da prisão em 2001, quando fugiu de Puerto Grande, em Guadalajara, escondido em um carro da lavanderia.

Naquela ocasião permaneceu mais de uma década em paradeiro desconhecido para as autoridades, que o capturaram em fevereiro de 2014, também em Sinaloa.