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Contrariando ordens médicas, ex-preso de Guantánamo deixa hospital no Uruguai

O ex-preso de Guantánamo Jihad Ahmad Diyab dá entrevista em Buenos Aires, na Argentina - Enrique Marcarian/Reuters
O ex-preso de Guantánamo Jihad Ahmad Diyab dá entrevista em Buenos Aires, na Argentina Imagem: Enrique Marcarian/Reuters

Em Montevidéu

10/09/2016 19h30

Refugiado no Uruguai, o ex-preso de Guantánamo Jihad Ahmad Diyab deixou o hospital em que estava internado em Montevidéu contrariando as ordens dos médicos, que o aconselharam a permanecer no local, afirmou neste sábado (10) o responsável pela ligação do ex-detento com o governo do país, Christian Mirza. 

"Não quis realizar uma avaliação médica e deixou o hospital por conta própria, contra as indicações médicas que recomendavam que ele ficasse internado", disse.

Diyab havia ido voluntariamente ao Hospital das Clínicas da capital uruguaia devido à deterioração de sua saúde provocada pela greve de fome que realiza há cerca de um mês. "Não indicamos que ele ingerisse nada, era apenas para fazer uma avaliação médica", completou Mirza.

Além disso, o responsável pelo diálogo entre os ex-detentos e o governo afirmou que Diyab ignorou as recomendações da equipe médica e de pessoas próximas, que tentaram convencê-lo de ficar internado. Após uma conversa com seus familiares via Skype, Diyab se disse disposto a ser internado no hospital. "Mas ele mudou de opinião", afirmou.

O nome de Jihad Ahmad Diyab ganhou a imprensa depois de ele ter tentado cruzar a fronteira com o Brasil pouco antes da realização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Ele já havia sido barrado por constar em listas de serviços de inteligência internacionais por estar envolvido em situações de terrorismo. Em entrevistas, chegou a mostrar simpatia pela Al Qaeda.

Segundo o ativista Andrés Conteris, Diyab está realizando uma greve de fome há quase um mês e deixou de consumir líquidos há uma semana para pressionar o governo a permitir sua saída do país.

Na última quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, participou de uma reunião com várias associações de direitos humanos. No encontro, foi acordado o envio de duas cartas, uma aos Estados Unidos e outra à Agência da ONU para os Refugiados, para tentar que ele seja aceito em algum país árabe. O chanceler confirmou que as cartas já foram enviadas e que o governo está fazendo o possível para resolver a situação.

Depois de tentar entrar no Brasil, Diyab deixou o Uruguai em junho. No fim de julho, se apresentou no consulado uruguaio em Caracas, onde pediu para ser enviado a um terceiro país para se reunir com sua família. No entanto, acabou deportado a Montevidéu.

No total, quatro sírios, um tunisiano e um palestino foram recebidos no Uruguai em dezembro de 2014, como parte do compromisso do então presidente, José Mujica, de colaborar com Barack Obama para o fechamento da prisão de Guantánamo.