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Movimento dominicano pede investigação independente para caso Odebrecht

26/02/2017 20h47

Santo Domingo, 26 fev (EFE).- O movimento cívico dominicano Marcha Verde afirmou neste domingo que a investigação sobre o esquema de corrupção da construtora brasileira Odebrecht no país não terá resultados confiáveis enquanto for liderada por um procurador-geral que pertence ao Comitê Central do Partido da Libertação Dominicana (PLD).

"Os cidadãos que assinam e apoiam o Livro Verde são conscientes do controle que o PLD e o presidente da República, Danilo Medina, exercem sobre o procurador Jean-Alain Rodríguez e o sistema de Justiça", aponta a organização em um documento público.

"Por tal razão, se exige uma comissão de fiscais independentes acompanhada por especialistas externos das Nações Unidas, no marco da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, a qual tem categoria constitucional", que está recolhendo assinaturas para que sejam adotadas esta e outras medidas para esclarecer do caso.

"Com as primeiras 312.415 assinaturas do Livro Verde (apresentadas esta semana perante as autoridades), exigimos fiscais independentes dos partidos políticos e o acompanhamento da ONU para ter a segurança, a confiança de que neste caso o povo dominicano dará fim à impunidade favorecida pelo o Poder Judiciário, o Congresso e o Poder Executivo", afirma a nota.

"No caso Odebrecht devem ser investigados o presidente Danilo Medina, os ex-presidentes Leonel Fernández (1996-2000, 2004-2008 e 2008-2012) e Hipólito Mejía (2000-2004) e todos os legisladores, funcionários e ex-funcionários que participaram das negociações com a construtora", afirma a Marcha Verde.

"Mais ninguém pode convencer o povo dominicano de que um procurador sem experiência e controlado pelo PLD e pelo presidente Medina vai se a atrever a cumprir com o dever de investigar seus chefes partidários e líderes políticos", indicou o grupo.

Para a Marcha Verde, o Ministério Público dominicano não avança no caso Odebrecht "porque o controle político exercido sobre o procurador impediu que no país fossem executadas detenções, bloqueios de contas, buscas e aprofundamentos que hoje ocorrem nos demais países do continente afetados pelo escândalo internacional".

A organização convidou a população a utilizar a hashtag #AlertaVerde "para reagir perante qualquer tentativa de esconder a vontade popular de terminar com o regime de corrupção e impunidade que mantém o país na pobreza, a desordem institucional e a vergonha internacional."

Segundo documentos publicados em 21 de dezembro pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a Odebrecht pagou aproximadamente US$ 788 milhões em propinas em 12 países, entre eles a República Dominicana, onde a empresa desembolsou US$ 92 milhões para conseguir 17 contratos públicos ao longo de quase duas décadas.

O Ministério Público local chegou a um acordo com a construtora, pendente de homologação judicial, no qual a Odebrecht se comprometeu a pagar US$ 184 milhões, o dobro da quantia que admitiu ter pagado a funcionários entre 2001 e 2014.