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Denúncia contra chefe de inteligência da Argentina por subornos é desprezada

31/03/2017 18h43

Buenos Aires, 31 mar (EFE).- A Justiça da Argentina desprezou nesta sexta-feira uma denúncia contra o chefe de Inteligência do país, Gustavo Arribas, por supostamente ter recebido subornos de um operador financeiro da Odebrecht condenado por seu envolvimento nos crimes investigados pela Operação Lava Jato.

Em um auto publicado no Centro de Informação Judicial (CIJ), o juiz federal Rodolfo Canicoba entendeu que tanto a denúncia contra o titular da Agência Federal de Inteligência (AFI) como a procuradoria pretendem "investigar um fato, sem aparência de crime, ocorrido na República Federativa do Brasil, para o que o tribunal carece de jurisdição".

Foram rejeitados assim os argumentos do procurador federal Federico Delgado, que no último mês de janeiro pediu uma investigação sobre o titular da AFI por causa de uma denúncia baseada em uma investigação publicada no jornal "La Nación", que afirmava que Arribas recebeu em 2013 um pagamento de US$ 600.000.

Segundo a investigação, o doleiro brasileiro Leonardo Meirelles - ex-sócio de Alberto Youssef condenado na Lava Jato - transferiu esse montante em cinco parcelas para uma conta de Zurique pertencente a Arribas.

O dinheiro partiu supostamente de outra conta de uma sociedade controlada pelo brasileiro, "qualificada pela Justiça brasileira como 'empresa de fachada', destinada ao pagamento de propinas, lavagem de ativos e evasão", como descreveu procurador em janeiro.

A investigação na qual se baseia a denúncia do procurador - publicada em 11 de janeiro no "La Nación" - lembra que, em 2008, durante o governo de Cristina Kirchner (2007-2015), a obra de soterramento de uma via de trem em Buenos Aires foi licitada a um consórcio composto por Odebrecht, IECSA, COMSA e Ghella Societa Per Azioni.

No entanto, Arribas, que sempre negou ter relação com a Odebrecht, empresa na qual Meirelles trabalhava como operador, apresentou um relatório no qual só aparece uma transferência de US$ 70.495, que atribuiu a parte de um pagamento pela venda de um imóvel.

Agora o juiz dá a razão ao chefe da AFI: "Não existe uma só prova ou indício que permita vincular ou atribuir algum tipo de participação do Dr. Arribas na recepção de supostos subornos para que a empresa Odebrecht resultasse adjudicatária da obra do soterramento do trem Sarmiento", destaca o auto divulgado hoje.

O magistrado acrescenta ainda que toda investigação posterior é competência da Justiça brasileira.

Arribas foi um dos fundadores da Haz Sport Agency, uma agência de representantes de jogadores de futebol, e se tornou chefe de inteligência em dezembro de 2015, com a chegada de Mauricio Macri à presidência, a quem o funcionário aluga um apartamento.