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ONU teme pela vida de milhares de civis evacuados a áreas rebeldes da Síria

21/04/2017 19h33

Nações Unidas, 21 abr (EFE).- A comissão da ONU que investiga a guerra na Síria alertou nesta sexta-feira para o enorme risco que correm dezenas de milhares de civis evacuados a áreas sob controle rebelde no norte do país.

"Temos a sensação de estar vendo em câmera lenta algo que vai ser um desastre", declarou o presidente dessa comissão, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, em declarações aos jornalistas.

Pinheiro se referiu em concreto aos milhares de civis que estão sendo levados à província de Idlib e ao oeste da província de Aleppo em virtude de vários acordos de evacuação selados desde que as forças governamentais recuperaram a cidade de Aleppo.

"O cerco de Aleppo terminou, mas o que aconteceu ali está tendo repercussões em toda a Síria", assegurou o responsável da comissão encarregada de investigar as violações de direitos humanos na Síria.

Segundo Pinheiro, a população civil que está se concentrando em Idlib e outras áreas está em sério "perigo", por encontrar-se em uma área com grande possibilidade de viver uma "escalada das hostilidades".

"O risco é que Idlib receba um tratamento similar ao de Aleppo", disse o brasileiro em referência à violenta campanha do governo sírio e seus aliados para recuperar essa cidade.

Além disso, Pinheiro destacou que a queda de Aleppo resultou também em uma maior "radicalização" entre as forças opositoras, com novas alianças entre grupos terroristas e extremistas que estão presentes no oeste dessa província e em Idlib, aumentando ainda mais o perigo para os civis deslocados.

O presidente da comissão de investigação da ONU atendeu aos jornalistas após reunir-se a portas fechadas com os membros do Conselho de Segurança, em uma sessão informal.

Entre outras coisas, os especialistas estão estudando o recente ataque químico na cidade de Khan Sheikhoun, em Idlib, embora ainda não tenham muitas conclusões definitivas.

A comissão está há anos documentando os crimes mais graves na Síria, embora o faça de fora do país, uma vez que Damasco nunca lhe deu autorização para investigar sobre o terreno.