Topo

Feira erótica no Rio mostra de vibrador com wifi a "Negão do Whatsapp"

Pau Ramírez

Rio de Janeiro

22/04/2017 22h04

Um vibrador com câmera e wifi, uma linha de produtos eróticos para evangélicos, géis estimulantes, um pênis gigante e o famoso 'Negão do Whatsapp' são as atrações da Sexy Fair do Rio de Janeiro, a maior feira erótica de Brasil, que procura quebrar os tabus que há no país.

"Apesar de ser laico, o Brasil, que não tem uma religião denominada oficial, é um país muito preconceituoso com o erotismo, a sexualidade e estes temas", explicou à Agência EFE Osmar Gil, organizador do evento.

A Sexy Fair voltou este ano ao Rio de Janeiro após quatro anos de ausência e com a expectativa de atrair cerca de 80 mil pessoas durante os seis dias do evento, que termina neste domingo.

"Mudamos o estilo da feira porque havia questões ao redor dela, muito preconceito sobre o evento, sobre o tema", lamentou Gil.

O mercado erótico brasileiro move anualmente perto de R$ 1 bilhão e emprega cerca de 100 mil pessoas direta ou indiretamente, segundo dados da Associação Brasileira do Mercado Erótico e Sensual (Abeme).

Na feira podem ser encontrados centenas de objetos eróticos e sexuais para todos os gostos, embora seja o público feminino o principal visitante da feira e destinatário dos produtos.

Segundo a organização, 68% dos visitantes da feira são mulheres, e o número médio de idade está entre 35 e 40 anos.

Gil ressaltou que na feira "há muitos casais e poucas pessoas solteiras" e que "as mulheres são as maiores consumidoras de produtos eróticos, principalmente quando têm um companheiro fixo" porque querem "inovar na relação, senão a relação se torna monótona e acabam se separando".

A sensação deste ano é um vibrador que tem uma câmera e inclusive wifi, para que a distância não seja um impedimento entre os casais na hora do prazer, ao preço de R$ 1.550.

"Tem uma câmera na ponta que auxilia nos distúrbios sexuais, como o vaginismo ou a flacidez do músculo pélvico", explicou Mirna Zelioli, uma das vendedoras do produto.

"Além disso, o vibrador, para aquelas mulheres que gostam de brincar com o marido, tem um sistema wifi, pode usar a câmera, passar o vibrador pelo corpo e mandar as imagens para ele, já começando assim a excitá-lo muito antes, quando o marido está ainda trabalhando", acrescentou à EFE a funcionária.

Zelioli ressaltou que "às vezes as pessoas pensam que é somente o prazer, mas não, o mercado erótico hoje oferece muito mais do que isto, oferece saúde, tratamento, autoconhecimento do corpo..."

Ela explicou que em seu estande é vendida "uma linha de massageadores, que são vibradores diferentes do que o mercado está acostumado hoje no Brasil, todos de silicone anticancerígeno, produtos recarregáveis, à prova d'água, baterias de lítio, e que há outro vibrador com bluetooth e câmera, para mandar rápido as imagens com uma resolução maravilhosa".

Mais moderada, outra das atrações desta edição é uma linha de produtos destinados ao público evangélico, criada por um casal de evangélicos que também dá consultoria para casais que seguem a mesma religião e que desejam cosméticos e produtos para usar em suas relações sexuais sem 'se passar dos limites' dos seus princípios.

"Decidimos entrar neste mercado quando descobrimos que era uma coisa que podia ajudar os casais. Vi como muitos amigos deixavam a igreja porque tinham problemas em sua relação e não encontravam respostas para isso, e era dito a eles que aquilo era a ação do diabo para destruir sua relação", comentou João Ribeiro.

"Na maioria dos casos, era uma questão muito mais simples, uma dificuldade sexual que poderia ser corrigida com a ajuda de cosméticos", acrescentou o criador da linha de produtos eróticos para evangélicos, que têm "embalagens mais discretas e cheiros mais suaves", evitando por exemplo, o uso da cor vermelha.

Entre o público evangélico, o produto de destaque é o vibrador Bullet, que não tem a habitual forma de membro masculino e é uma pequena cápsula vibratória que vem com um controle, com o objetivo de estimular o clitóris e o ponto G da mulher.

Outros produtos que têm muita demanda são os géis eróticos, como o gel vibrador, que nada mais é do "que um vibrador líquido: coloca-se no local e começa a vibrar, estimula tanto o homem como a mulher", segundo assegurou Alessandra Scheiz, proprietária de uma linha de produtos eróticos.

Espetáculos eróticos, um dublê do 'Negão do Whatsapp' com quem se pode tirar fotos ou atrações como um pênis gigante no qual se deve subir como se fosse um touro mecânico, se unem a conferências e debates sobre erotismo e sexualidade, que buscam romper barreiras em uma sociedade conservadora.

"O Rio de Janeiro pode ser a cidade mais aberta do Brasil, mas ainda é fechada para este tema, as pessoas têm uma resistência muito grande em falar de sexualidade. Existe muito tabu, embora haja o Carnaval e novelas com muitas cenas de nudismo, quando se fala de sexualidade, no entanto, tudo é proibido", lamentou Osmar Gil.