Cidade iraquiana se mobiliza para expulsar parentes de jihadistas do EI
Yáser Yunes.
Mossul (Iraque), 22 jun (EFE). - Ameaças verbais, com armas ou incêndios intencionais. Os moradores da cidade de Qayyarah, no norte do Iraque, estão usando de todos os recursos para expulsar os familiares dos membros do Estado Islâmico (EI) depois de três anos de ocupação.
Os casos mais graves aconteceram no povoado de Al-Hood, que pertence a Qayyarah, 70 quilômetros ao sul de Mossul, e onde várias casas de parentes de jihadistas foram incendiadas.
Furiosas, centenas de pessoas - algumas delas armadas -, se manifestaram esta semana durante dois dias seguidos na porta dessas famílias para exigir que elas saíssem do principal núcleo urbano de Qayyarah, cidade que tem 135 mil habitantes.
A polícia interviu e dispersou o protesto quando os manifestantes invadiram algumas casas, disse à Agência Efe o prefeito da cidade, Saleh al-Juburi.
"Vivemos em uma sociedade tribal e a lei do sangue e da vingança está difundida", explicou Juburi.
O prefeito disse ser contrário às expulsões dessas pessoas, que acabam arcando com os crimes de seus filhos, irmãos ou pais.
Hussein al Jaburi pensa diferente. Para esse morador, esses não são atos de vingança, mas de "justiça" diante da incapacidade do sistema judicial iraquiano e do aparelho de segurança para punir os jihadistas por seus crimes.
O irmão de Jaburi foi executado pelo EI e foi então que ele decidiu "tomar medidas contra quem apoia os terroristas".
Yayri al Yaburi, membro do Conselho Jovem de Qayyarah, também justificou a expulsão dos familiares dos jihadistas como uma medida necessária para "arrancar as raízes do grupo terrorista".
"Não vamos recuar nem voltar ao tempo do EI", disse ele, lembrando as execuções de milhares de inocentes feitas pelos terroristas durante três anos de ocupação.
De acordo com cálculos da prefeitura, pelo menos 450 pessoas foram executadas pelo EI nesta região, a maioria militares e funcionários públicos.
O governo estima que 1.800 famílias de combatentes do EI residiam em Qayyarah e 40% já tenha ido embora por conta da pressão da população. Outros estão saindo depois do fim do prazo de três dias - que terminou na segunda-feira - imposto pelos moradores para que essas famílias deixassem suas casas.
Em outras regiões do Iraque, como Saladino e Diyala, ocorreram expulsões parecidas desde que as tropas governamentais conseguiram derrotar os terroristas. As populações desses lugares consideram que estes processos são legítimos e têm inclusive um termo para se referir a ele: "jelua", explicou à Efe o pesquisador de assuntos tribais Abu Mazen al Lihibi.
"A expulsão das famílias, que não têm culpa dos crimes do Estado Islâmico, pode provocar o caos, alguns enfrentamentos e a perpetuação da cultura da vingança no imaginário das crianças que foram obrigadas a deixar suas casas", advertiu.
Já segundo o jurista Raduan Mahmoud, as expulsões violam a Constituição do Iraque. Segundo ele, uma pessoa que foi comprovadamente combatente do EI ou apoiou ativamente o grupo pode ser julgada com lei de terrorismo, mas seus familiares não.
Mossul (Iraque), 22 jun (EFE). - Ameaças verbais, com armas ou incêndios intencionais. Os moradores da cidade de Qayyarah, no norte do Iraque, estão usando de todos os recursos para expulsar os familiares dos membros do Estado Islâmico (EI) depois de três anos de ocupação.
Os casos mais graves aconteceram no povoado de Al-Hood, que pertence a Qayyarah, 70 quilômetros ao sul de Mossul, e onde várias casas de parentes de jihadistas foram incendiadas.
Furiosas, centenas de pessoas - algumas delas armadas -, se manifestaram esta semana durante dois dias seguidos na porta dessas famílias para exigir que elas saíssem do principal núcleo urbano de Qayyarah, cidade que tem 135 mil habitantes.
A polícia interviu e dispersou o protesto quando os manifestantes invadiram algumas casas, disse à Agência Efe o prefeito da cidade, Saleh al-Juburi.
"Vivemos em uma sociedade tribal e a lei do sangue e da vingança está difundida", explicou Juburi.
O prefeito disse ser contrário às expulsões dessas pessoas, que acabam arcando com os crimes de seus filhos, irmãos ou pais.
Hussein al Jaburi pensa diferente. Para esse morador, esses não são atos de vingança, mas de "justiça" diante da incapacidade do sistema judicial iraquiano e do aparelho de segurança para punir os jihadistas por seus crimes.
O irmão de Jaburi foi executado pelo EI e foi então que ele decidiu "tomar medidas contra quem apoia os terroristas".
Yayri al Yaburi, membro do Conselho Jovem de Qayyarah, também justificou a expulsão dos familiares dos jihadistas como uma medida necessária para "arrancar as raízes do grupo terrorista".
"Não vamos recuar nem voltar ao tempo do EI", disse ele, lembrando as execuções de milhares de inocentes feitas pelos terroristas durante três anos de ocupação.
De acordo com cálculos da prefeitura, pelo menos 450 pessoas foram executadas pelo EI nesta região, a maioria militares e funcionários públicos.
O governo estima que 1.800 famílias de combatentes do EI residiam em Qayyarah e 40% já tenha ido embora por conta da pressão da população. Outros estão saindo depois do fim do prazo de três dias - que terminou na segunda-feira - imposto pelos moradores para que essas famílias deixassem suas casas.
Em outras regiões do Iraque, como Saladino e Diyala, ocorreram expulsões parecidas desde que as tropas governamentais conseguiram derrotar os terroristas. As populações desses lugares consideram que estes processos são legítimos e têm inclusive um termo para se referir a ele: "jelua", explicou à Efe o pesquisador de assuntos tribais Abu Mazen al Lihibi.
"A expulsão das famílias, que não têm culpa dos crimes do Estado Islâmico, pode provocar o caos, alguns enfrentamentos e a perpetuação da cultura da vingança no imaginário das crianças que foram obrigadas a deixar suas casas", advertiu.
Já segundo o jurista Raduan Mahmoud, as expulsões violam a Constituição do Iraque. Segundo ele, uma pessoa que foi comprovadamente combatente do EI ou apoiou ativamente o grupo pode ser julgada com lei de terrorismo, mas seus familiares não.
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