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Turquia concede liberdade condicional a 10 ativistas

25/10/2017 21h03

Istambul, 25 out (EFE).- Um tribunal turco concedeu liberdade condicional a dez dos 11 ativistas de direitos humanos, entre eles representantes da organização Anistia Internacional (AI) na Turquia, acusados de colaborar com grupos terroristas, um processo que várias ONGs classificam como político.

A medida significa a libertação imediata de dez ativistas detidos em julho, entre eles o alemão Peter Steudtner e o sueco Ali Gharavi, acusados com outros oito ativistas turcos. Dois desses já estavam em liberdade condicional, enquanto os outros passaram mais de três meses em prisão preventiva.

No entanto, continuará atrás das grades o presidente da AI na Turquia, Taner Kiliç, detido em junho sob a acusação de fazer parte da rede de simpatizantes do pregador islâmico Fethullah Gülen, acusado por Ancara de ser o responsável pela fracassada tentativa de golpe de Estado de 15 de julho de 2016.

Kiliç tem pendente outro julgamento que será realizado na quinta-feira em Esmirna, motivo pelo qual continua em prisão preventiva.

Durante o julgamento, todos os acusados se declararam inocentes das acusações de colaboração com organizações terroristas, o que pode acarretar até 15 anos de prisão.

"Esperamos que todos os defensores dos direitos humanos sejam postos em liberdade hoje. As acusações são absurdas. No texto de acusação não há prova alguma. Esperamos que, após três meses em prisão preventiva, pelo menos sejam colocados em liberdade condicional para que possam voltar às famílias", disse à Agência Efe Andrew Gardner, representante da AI na Turquia, antes do julgamento.

Steudtner, Gharavi e a diretora da AI na Turquia, Idil Eser, foram detidos em 5 de julho na ilha de Büyükada, perto de Istambul, onde participaram de uma oficina sobre segurança informática e direitos humanos.

Todo o grupo é acusado de manter vínculos tanto com a confraria gülenista como com a guerrilha esquerdista Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e com o DHKP-C, um grupo armado ultramarxista, três organizações que se confrontam.

A promotoria afirma que, durante a oficina, os acusados falaram de "como armazenar informação num telefone celular de forma segura se a polícia o confiscar, como impedir que a polícia ou outras pessoas acessem essa informação e como criptografá-la".

O texto de acusação também afirma que alguns dos participantes falaram sobre o que pode ser aprendido com as revoltas antigovernamentais de 2013 e como organizar protestos sociais.

A promotoria conclui que os acusados queriam "transformar a situação política atual gerando novas revoltas similares às de 2013 através de organizações que atuam como ONGs, mas que eram dirigidas por organizações terroristas".

"Está totalmente claro que isto é um caso político, um caso impulsionado pelas declarações do governo e pelas campanhas contra as organizações de direitos humanos. Não há nada legal, não há nada fundamentado na lei que permite manter estas pessoas presas", denunciou Gardner.

"Todas as acusações se baseiam no meu trabalho para a Anistia Internacional. Não tenho nada que me reprove. Só fiz o meu trabalho como defensora dos direitos humanos", se defendeu Idil Eser.

Steudtner e Gharavi também se descreveram como ativistas pacíficos e exigiram liberdade.

Andrew Gardner lembrou que "sob o estado de emergência (vigente na Turquia desde a tentativa de golpe), o acesso aos detidos está muito restringido".

"Os parentes podem vê-los uma hora por semana, da mesma forma que os advogados. E agora estão na prisão há mais de três meses. Queremos que os libertem já".