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Polícia de Papua N.Guiné volta a centro de detenção para retirar imigrantes

23/11/2017 22h03

Sydney (Austrália), 24 nov (EFE).- A polícia de Papua Nova Guiné voltou nesta sexta-feira (data local) ao centro de detenção que era gerenciado pela Austrália na ilha de Manus para tentar retirar os mais de 300 imigrantes que ocupam o local desde o seu fechamento em 31 de outubro.

Os solicitantes de asilo e refugiados denunciaram que a operação está sendo feita com força desproporcional e que um número indeterminado de pessoas já foi transferido para outros locais em Lorengau, o principal povoado de Manus, mas as autoridades de Papua Nova Guiné e Austrália ainda não se pronunciaram sobre os incidentes de hoje.

"Os refugiados dizem que estão deixando o campo de prisioneiros porque a polícia está empregando violência e eles estão inconformados", comentou em tweet o jornalista e refugiado curdo-iraniano Benrouz Boochani, que foi detido temporariamente na quinta-feira em Manus.

"Recebemos mensagens angustiantes dos 323 homens que permanecem no Centro de Manus dizendo que as autoridades de Papua Nova Guiné retornaram e estão retirando eles a força", informou a ONG GetUp! em um e-mail.

A polícia de Papua Nova Guiné entrou nesta quinta-feira no centro para imigrantes de Manus, que foi fechado depois que o Supremo de Papua o declarou ilegal em abril de 2016, para retirar os imigrantes que o ocupam, apesar de não haver água, alimentos, serviços básicos nem atendimento médico.

A operação resultou na transferência "pacífica e sem o uso da força" de aproximadamente 50 homens para centros de acolhimento em Lorengau, entre eles Boochani, segundo o comissário da polícia papuásia, Gari Baki, mas as versões dos refugiados indicam que a ação foi feita de forma violenta.

"Peço aos 328 refugiados que ainda estão em Lombrum que considerem a mudança voluntária para as novas instalações, aonde não lhes faltará nada", disse Baki em comunicado, citado pela emissora australiana "ABC".

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur, na sigla em inglês) expressou ontem sua preocupação com as denúncias de uso da força contra os refugiados em Manus, mas acrescentou que tinha recebido garantias de que isto não estava acontecendo.

"A Austrália tem a obrigação de assumir suas responsabilidades e fornecer proteção efetiva, segurança e soluções duradouras aos refugiados e solicitantes de asilo em cooperação com as autoridades de Papua Nova Guiné", disse Volker Türk responsável de proteção da Acnur.

O centro de refugiados de Manus e outro em Nauru, no Pacífico, foram abertos depois que a Austrália reativou em 2012 sua política controversa de tramitar solicitações de asilo em outros países.

Muitos dos internos em Manus e Nauru fugiram de conflitos como os de Afeganistão, Darfur (Sudão), Paquistão, Somália e Síria; outros escaparam da discriminação como as minorias rohingya, em Mianmar, e bidun, na região do Golfo Pérsico.