Cuba reconhece escassez de remédios por falta de pagamento e mercado negro
Havana, 30 nov (EFE).- Cuba sofreu durante o último ano e meio de desabastecimento de vários remédios devido fundamentalmente à falta de pagamento a provedores estrangeiros, mas também à venda ilegal e outras práticas fraudulentas no acesso aos medicamentos, reconheceram autoridades estatais do setor.
Os dois principais jornais oficiais do país, "Granma" e "Juventud Rebelde", publicam nesta quinta-feira artigos de página inteira nos quais responsáveis do Ministério da Saúde Pública (Minsap) e do Grupo de Indústrias e Biotecnologia e Farmacêutica (BioCubaFarma) admitem a "instabilidade" nas entregas e explicam as medidas tomadas desde junho para normalizar a situação.
O "Granma" afirma que o episódio "fez novamente do tema dos remédios uma das principais preocupações da população cubana".
Em Cuba, os medicamentos são subsidiados pelo Estado e são comprados em moeda nacional muito abaixo do seu valor de mercado, de modo que uma parte acaba desviada ao mercado ilícito para ser vendida em moeda estrangeira.
O medo do desabastecimento, além disso, gera "ansiedade" e faz com que as pessoas comprem mais remédios do que precisam usando "receitas falsificadas" ou diretamente no mercado negro, reconhece o "Juventud Rebelde".
Entre os medicamentos que desapareceram das farmácias ou tiveram fornecimento irregular estão a dipirona, o analgésico e antipirético mais utilizado em Cuba; os diuréticos que fazem parte do tratamento contra a hipertensão, os anti-hipertensivos, anti-histamínicos, o omeprazol (protetor estomacal) e as pílulas anticoncepcionais.
No país caribenho são consumidos mais de um bilhão de cartelas de dipirona ao ano, da qual Cuba só produz a quantidade que é fornecida a hospitais, e o resto é importado da China.
A principal causa do desabastecimento foi a falta de pagamentos aos provedores estrangeiros que fornecem à indústria farmacêutica cubana matérias-primas, materiais para as embalagens e suprimentos, afirmou a diretora de Operações do BioCubaFarma, Rita María García Almaguer.
O quadro básico de remédios do país é formado por 801 fármacos, dos quais 63% são produzidos em Cuba e o restante é importado, indicou Rita.
"Mais de 85% dos produtos utilizados na produção de remédios são importados, e 92% dos princípios ativos provêm fundamentalmente de mercados distantes, como a China, a Índia, e a Europa, assim como 60% dos materiais de embalagem", apontou a diretora.
A falta de pagamento provocou a paralisação de fábricas durante 2016 e parte deste ano, "pois ao não dispor dos recursos a tempo, a produção de algumas formas farmacêuticas foi contida, o que não nos permitiu suprir o sistema nacional de saúde", acrescentou Rita.
Outro dos motivos alegados é o embargo financeiro que os Estados Unidos mantêm sobre Cuba, que obriga a ilha a recorrer a mercados distantes para a importação de materiais, equipamentos e peças de reposição, o que retarda e encarece todo o processo.
Além disso, desde fevereiro, o Minsap iniciou um "controle integral" às farmácias do país que revelou "insuficiências (...) relacionadas com a falta de preparação do pessoal e com a falta de compromisso e responsabilidade que podiam levar a ilegalidades e a feitos de corrupção, muitos dos quais foram identificados", disse por sua vez a chefe do Departamento de Serviços Farmacêuticos, Mailín Beltrán.
Por causa das auditorias, "um grupo grande de trabalhadores dos serviços farmacêuticos" foi sancionado, e em alguns casos foram abertos processos penais por venda ilícita de remédios, comentou Mailín, que advertiu que o controle e a fiscalização "vão continuar".
O Minsap e o Ministério do Interior trabalham para conter "a venda ilegal de remédios, o uso indevido de receitas médicas e o uso indevido dos selos".
As funcionárias afirmam que desde junho começaram a chegar à ilha matérias-primas e a se estabilizar o fornecimento de remédios, embora em agosto ainda houvesse problemas com mais de 20 remédios de alta demanda.
"Hoje podemos dizer que a indústria vem se recuperando, mantém estável a maioria das suas produções", afirmou Rita, que apontou que entre os setores com prioridade estão os programas de HIV e oncologia, nos quais "foi possível manter a cobertura e entrega estável de remédios".
Também é aprimorado o treinamento de pessoal para trabalhar como assistentes de farmácia, perante as atuais carências de pessoal farmacêutico.
A legislação aduaneira cubana permite entrar no país, além da bagagem pessoal, até dez quilos de remédios.
Os dois principais jornais oficiais do país, "Granma" e "Juventud Rebelde", publicam nesta quinta-feira artigos de página inteira nos quais responsáveis do Ministério da Saúde Pública (Minsap) e do Grupo de Indústrias e Biotecnologia e Farmacêutica (BioCubaFarma) admitem a "instabilidade" nas entregas e explicam as medidas tomadas desde junho para normalizar a situação.
O "Granma" afirma que o episódio "fez novamente do tema dos remédios uma das principais preocupações da população cubana".
Em Cuba, os medicamentos são subsidiados pelo Estado e são comprados em moeda nacional muito abaixo do seu valor de mercado, de modo que uma parte acaba desviada ao mercado ilícito para ser vendida em moeda estrangeira.
O medo do desabastecimento, além disso, gera "ansiedade" e faz com que as pessoas comprem mais remédios do que precisam usando "receitas falsificadas" ou diretamente no mercado negro, reconhece o "Juventud Rebelde".
Entre os medicamentos que desapareceram das farmácias ou tiveram fornecimento irregular estão a dipirona, o analgésico e antipirético mais utilizado em Cuba; os diuréticos que fazem parte do tratamento contra a hipertensão, os anti-hipertensivos, anti-histamínicos, o omeprazol (protetor estomacal) e as pílulas anticoncepcionais.
No país caribenho são consumidos mais de um bilhão de cartelas de dipirona ao ano, da qual Cuba só produz a quantidade que é fornecida a hospitais, e o resto é importado da China.
A principal causa do desabastecimento foi a falta de pagamentos aos provedores estrangeiros que fornecem à indústria farmacêutica cubana matérias-primas, materiais para as embalagens e suprimentos, afirmou a diretora de Operações do BioCubaFarma, Rita María García Almaguer.
O quadro básico de remédios do país é formado por 801 fármacos, dos quais 63% são produzidos em Cuba e o restante é importado, indicou Rita.
"Mais de 85% dos produtos utilizados na produção de remédios são importados, e 92% dos princípios ativos provêm fundamentalmente de mercados distantes, como a China, a Índia, e a Europa, assim como 60% dos materiais de embalagem", apontou a diretora.
A falta de pagamento provocou a paralisação de fábricas durante 2016 e parte deste ano, "pois ao não dispor dos recursos a tempo, a produção de algumas formas farmacêuticas foi contida, o que não nos permitiu suprir o sistema nacional de saúde", acrescentou Rita.
Outro dos motivos alegados é o embargo financeiro que os Estados Unidos mantêm sobre Cuba, que obriga a ilha a recorrer a mercados distantes para a importação de materiais, equipamentos e peças de reposição, o que retarda e encarece todo o processo.
Além disso, desde fevereiro, o Minsap iniciou um "controle integral" às farmácias do país que revelou "insuficiências (...) relacionadas com a falta de preparação do pessoal e com a falta de compromisso e responsabilidade que podiam levar a ilegalidades e a feitos de corrupção, muitos dos quais foram identificados", disse por sua vez a chefe do Departamento de Serviços Farmacêuticos, Mailín Beltrán.
Por causa das auditorias, "um grupo grande de trabalhadores dos serviços farmacêuticos" foi sancionado, e em alguns casos foram abertos processos penais por venda ilícita de remédios, comentou Mailín, que advertiu que o controle e a fiscalização "vão continuar".
O Minsap e o Ministério do Interior trabalham para conter "a venda ilegal de remédios, o uso indevido de receitas médicas e o uso indevido dos selos".
As funcionárias afirmam que desde junho começaram a chegar à ilha matérias-primas e a se estabilizar o fornecimento de remédios, embora em agosto ainda houvesse problemas com mais de 20 remédios de alta demanda.
"Hoje podemos dizer que a indústria vem se recuperando, mantém estável a maioria das suas produções", afirmou Rita, que apontou que entre os setores com prioridade estão os programas de HIV e oncologia, nos quais "foi possível manter a cobertura e entrega estável de remédios".
Também é aprimorado o treinamento de pessoal para trabalhar como assistentes de farmácia, perante as atuais carências de pessoal farmacêutico.
A legislação aduaneira cubana permite entrar no país, além da bagagem pessoal, até dez quilos de remédios.
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