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Peruanos protestam contra corrupção na véspera de votação para destituir presidente

Mulher participa de marcha contra a corrupção no país e Keiko Fujimori, que lidera o partido fujimorista Força Popular, acusado de perpetrar um golpe de Estado - Guadalupe Pardo/Reuters
Mulher participa de marcha contra a corrupção no país e Keiko Fujimori, que lidera o partido fujimorista Força Popular, acusado de perpetrar um golpe de Estado Imagem: Guadalupe Pardo/Reuters

Em Lima

21/12/2017 02h41

Milhares de pessoas participaram de uma manifestação, nesta quarta-feira (20), no Peru, contra sua classe política, sob o tema "que vá embora todos os corruptos", em protesto pelos escândalos de corrupção e a crise política aberta pelo processo de destituição do Congresso contra o presidente Pedro Pablo Kuczynski.

Com grande adesão em Lima e replicada em outras cidades do interior do país, a mobilização foi realizada na véspera do dia crucial desta quinta-feira (21), em que o Parlamento, controlado amplamente pela oposição, com maioria absoluta do fujimorismo, votará uma moção para destituir Kuczynski.

Os participantes exigiram a dissolução do Congresso, com novas eleições gerais e até mesmo uma nova Constituição, se os parlamentares decidirem pela destituição do presidente, uma vez que a maioria de formações políticas ou seus principais líderes estão envolvidos no caso Odebrecht.

A manifestação, que transcorreu pelas principais ruas do centro histórico de Lima, também foi em advertência a uma eventual ruptura da ordem democrática, pois o fujimorismo tramita no Congresso para desqualificar os juízes do Tribunal Constitucional e do Procurador da Nação (procurador-geral), além da destituição de Kuczynski.

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As organizações sociais e coletivas civis que convocaram a manifestação acusaram o partido fujimorista Força Popular, liderado por Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, que está preso, de perpetrar um golpe secreto para aproveitar os diferentes poderes.

Por isso, os manifestantes lançaram durante seu percurso palavras de ordem como "Nem golpe, nem pacto com os corruptos" e "Keiko, aceita, você não é presidente", lembrando de sua derrota para Kuczynski, nas eleições presidenciais do ano passado, por uma diferença de apenas 40 mil votos.

Na liderança da mobilização estava Avelino Guillén, o promotor que investigou os casos de violações aos direitos humanos e corrupção pelos que foi condenado Fujimori a 25 anos de prisão, e que também apoiou Kuczynski contra Keiko nas últimas eleições.

Kuczynski é acusado pelo Congresso de mentir por supostamente tentar ocultar sua ligação com a Odebrecht, que na semana passada revelou ter pago mais de US$ 782 mil para a consultora Westfield Capital, de propriedade do governante, por assessorias entre os anos de 2004 e 2007, quando ele era ministro no governo de Toledo.