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No México, Moro nega que Justiça seja responsável por criminalizar políticos

28/02/2018 05h37

Cidade do México, 28 fev (EFE).- O juiz Sergio Moro, que lidera a investigação de casos de corrupção como o da Odebrecht, afirmou na terça-feira, na Cidade do México, que os processos judiciais contra figuras da política "sempre têm consequências políticas" além das sentenças.

Durante uma conferência no Colégio Nacional do México sobre "Combate à corrupção a partir do poder judiciário", Moro observou que, regularmente, estas consequências sempre ocorrem "fora dos tribunais de Justiça".

Responsável pela Operação Lava Jato, considerado a maior investigação sobre a corrupção na história do Brasil, Sérgio Moro rejeitou que os juízes sejam os responsáveis por criminalizar a política.

"Poderia ser visto como uma criminalização da política, mas se a gente analisar e ver o que acontece, os próprios políticos estão criminalizando a política", afirmou.

Moro rejeitou as opiniões que consideram existir uma disputa entre magistrados e políticos, argumentando que a única coisa que está acontecendo são "que juízes estão analisando acusações de casos de corrupção".

Ele afirmou entender essas opiniões, mas a realidade é que nestes casos "ninguém está sendo processado por opiniões políticas, mas por acusações de comportamento criminoso".

O juiz sustentou que "no âmbito do Ministério Público e da polícia, é necessária uma estrutura que seja compatível com a dimensão e a complexidade dos casos para que as investigações cheguem a uma conclusão bem-sucedida".

Além disso, Moro destacou que diante dos recursos limitados de países como o Brasil e o México, é necessário aprimorar sua utilização a favor do sistema de justiça para obter bons resultados.

"Sabemos que os recursos são limitados", disse o juiz, referindo-se à magnitude de casos como a Lava Jato. Por isso, "sempre é importante saber entregar-los bem", afirmou Moro, que visita o México por convite da ONG Mexicanos Contra a Corrupção e a Impunidade (MCCI).

O juiz relatou que na Lava Jato foram abertos 1.795 processos judiciais, que 176 envolvidos estão condenados, 101 estão presos de forma preventiva e outros 111 em prisão temporária.