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Fundador de seita sexual nos EUA pode ser condenado a prisão perpétua

27/03/2018 17h22

Austin (EUA), 27 mar (EFE).- Líder e fundador da seixa Nxivm, Keith Raniere será ouvido nesta terça-feira por um juiz federal de Fort Worth, no Texas, nos Estados Unidos, acusado de tráfego sexual e de submeter outras pessoas a trabalho escravo, crimes pelos quais pode ser condenado a prisão perpétua.

Extraditado para os EUA após ser preso em uma luxuosa vila nos arredores de Porto Vallarta, no México, Raniere, de 57 anos, é o principal líder de uma organização criminosa que capturava mulheres para servir como escravas sexuais. Elas eram obrigadas a realizar tarefas domésticas e marcadas com fogo, como gado.

"Como se alega no processo, Keith Raniere criou uma sociedade secreta de mulheres com quem teve relações sexuais e as marcou com suas iniciais, coagindo-as com a ameaça de revelar informações altamente pessoais e retirar suas posses", explicou o promotor do Distrito Leste de Nova York, Richard Donoghue.

Em 1998, o falso guru de autoajuda e motivação pessoal criou a organização "Programas Executivos de Sucesso", realizando oficinas de cinco dias e cobrando até US$ 5 mil por pessoa.

Cinco anos mais tarde, Raniere fundou a Nxivm, com sede em Albany, no estado de Nova York, mas com centros operacionais em várias cidades dos EUA, México, Canadá e outros países da região.

A estrutura da seita se baseia em um esquema de pirâmide. Além de pagar o curso inicial, os participantes são obrigados a comprar aulas adicionais com preço ainda maior. Eles são motivados a recrutar outras pessoas para "subir" dentro da hierarquia da organização e assim obter privilégios.

Segundo a denúncia, a história de Raniere fica ainda mais obscura em 2015, quando ele forma uma sociedade secreta dentro do Nxivm, sendo batizado como o "Amo das companheiras obedientes".

A organização operava com cerca de 20 pessoas, que deveriam "recrutar" suas próprias escravas, marcá-las com suas iniciais e subir na hierarquia para aproveitar dos escravos dos demais.

Havia uma condição prévia para participar: ceder informações comprometedoras sobre amigos e familiares, divulgar fotos sem roubas e controlar os pertences dos recrutas captados.

Raniere era o único homem na seita. As demais vinham do Nxivm e eram convencidas de participar por ele, que argumentava que a organização tinha como objetivo "empoderar as mulheres e erradicar as fragilidades do programa principal".

No entanto, Raniere sempre ficava no topo da pirâmide. Assim, todas as mulheres deveriam atuar como se fossem suas servas.

O subdiretor-adjunto do FBI em Nova York, William Swenney, considerou as ações de Raniere como um "repugnante abuso de poder e um ato que denigre as mulheres".

O caso foi revelado pelo "The New York Times", que publicou em outubro de 2017 um artigo com um depoimento de duas mulheres que conseguiram fugir da seita. Calcula-se que as organizações de Raniere conseguiram captar cerca de 16 mil pessoas.