Malala, entre admiração e desprezo no Paquistão
Jaime León.
Islamabad, 31 mar (EFE).- Malala recebeu um tiro na cabeça por defender a educação das meninas e ganhou o Nobel da Paz por seu trabalho nesse campo, mas é desprezada por muitos no seu país, o Paquistão, onde alguns a acusam de ser uma espiã, de traição por abandoná-lo e até de simular o ataque que quase a matou.
Atualmente com 20 anos, ela foi recebida pelo governo e instituições paquistaneses com honras na sua primeira ida ao Paquistão desde o atentado, em 2012, por defender a escolarização feminina frente aos talibãs. O primeiro-ministro paquistanês, Shahid Khaqan Abbasi, se reuniu com ela e fez no seu escritório um evento com parlamentares, políticos e diplomatas em sua homenagearam.
As redes sociais transbordam de mensagens de admiração, mas, ao mesmo tempo, o seu regresso alimentou os sentimentos daqueles que são conhecidos como "Malala haters" (ou "pessoas que odeiam Malala").
A principal federação escolas particulares do Paquistão, com 200 mil colégios cadastrados, fez ontem um protesto com o lema "Eu não sou Malala" e acusou a jovem de "terrorismo ideológico". A entidade proibiu a leitura do livro "Eu sou Malala" nas salas de aula e publicou outro criticando a ativista.
Nas redes sociais, ela foi atacada sem piedade por pessoas como Mirza Aslam Beg, ex-general que comandou o Exército entre 1988 e 1991, e que no Twitter pediu a deportação dela. A conta foi suspensa horas depois da publicação dessa mensagem.
Nas redes também foi lembrada a teoria de Mussarat Ahmed Zeb, parlamentar do partido da oposição Pakistan Tehreek-e-Insaf (PTI), que afirmou em várias ocasiões que o ataque de 2012 foi "simulado" por pessoas que incluíam ativistas de Direitos Humanos e que ela foi convidada a participar da ação. A ideia segue sendo divulgada, mesmo depois de o principal grupo talibã do país, o Tehrik-i-Taliban Pakistan (TTP), reivindicar a tentativa de assassinato da jovem, à época com 15 anos.
Nas ruas de Islamabad, era possível notar um duelo entre admiração e desprezo.
"Não gosto porque não deveria fazer o que faz. Ela é um agente do Ocidente que ataca as nossas tradições", disse à Agência Efe Maqsood Sadiq, que aos 55 anos trabalha para uma ONG americana que ele preferiu não identificar.
Já Fouzia Khan, uma estudante de 22 anos, qualificou Malala de traidora.
"Traiu toda a comunidade pashtun. Eu sou pashtun e não faria o que ela fez", afirmou sobre a saída de Malala do país.
Outros dizem admirar a pessoa que se tornou, aos 17 anos, a mais jovem vencedora do Prêmio Nobel da Paz, condecoração que compartilhou com Kailash Satyarthi, ativista contra o trabalho infantil na Índia.
"Ela é muito corajosa e está fazendo um grande trabalho, especialmente pelas meninas", afirmou Shandana Saeed, de 39 anos.
O prestigiado jornal "Dawn" mencionava ontem no editorial os críticos da ativista.
"Ficaram cegos por uma visão do mundo simplista, enxergam conspiração onde deviam ver coragem, difamam quando deviam comemorar um paquistanês que representa o melhor de nós", dizia o texto do jornal.
"Bem-vinda, Malala", declarou.
Islamabad, 31 mar (EFE).- Malala recebeu um tiro na cabeça por defender a educação das meninas e ganhou o Nobel da Paz por seu trabalho nesse campo, mas é desprezada por muitos no seu país, o Paquistão, onde alguns a acusam de ser uma espiã, de traição por abandoná-lo e até de simular o ataque que quase a matou.
Atualmente com 20 anos, ela foi recebida pelo governo e instituições paquistaneses com honras na sua primeira ida ao Paquistão desde o atentado, em 2012, por defender a escolarização feminina frente aos talibãs. O primeiro-ministro paquistanês, Shahid Khaqan Abbasi, se reuniu com ela e fez no seu escritório um evento com parlamentares, políticos e diplomatas em sua homenagearam.
As redes sociais transbordam de mensagens de admiração, mas, ao mesmo tempo, o seu regresso alimentou os sentimentos daqueles que são conhecidos como "Malala haters" (ou "pessoas que odeiam Malala").
A principal federação escolas particulares do Paquistão, com 200 mil colégios cadastrados, fez ontem um protesto com o lema "Eu não sou Malala" e acusou a jovem de "terrorismo ideológico". A entidade proibiu a leitura do livro "Eu sou Malala" nas salas de aula e publicou outro criticando a ativista.
Nas redes sociais, ela foi atacada sem piedade por pessoas como Mirza Aslam Beg, ex-general que comandou o Exército entre 1988 e 1991, e que no Twitter pediu a deportação dela. A conta foi suspensa horas depois da publicação dessa mensagem.
Nas redes também foi lembrada a teoria de Mussarat Ahmed Zeb, parlamentar do partido da oposição Pakistan Tehreek-e-Insaf (PTI), que afirmou em várias ocasiões que o ataque de 2012 foi "simulado" por pessoas que incluíam ativistas de Direitos Humanos e que ela foi convidada a participar da ação. A ideia segue sendo divulgada, mesmo depois de o principal grupo talibã do país, o Tehrik-i-Taliban Pakistan (TTP), reivindicar a tentativa de assassinato da jovem, à época com 15 anos.
Nas ruas de Islamabad, era possível notar um duelo entre admiração e desprezo.
"Não gosto porque não deveria fazer o que faz. Ela é um agente do Ocidente que ataca as nossas tradições", disse à Agência Efe Maqsood Sadiq, que aos 55 anos trabalha para uma ONG americana que ele preferiu não identificar.
Já Fouzia Khan, uma estudante de 22 anos, qualificou Malala de traidora.
"Traiu toda a comunidade pashtun. Eu sou pashtun e não faria o que ela fez", afirmou sobre a saída de Malala do país.
Outros dizem admirar a pessoa que se tornou, aos 17 anos, a mais jovem vencedora do Prêmio Nobel da Paz, condecoração que compartilhou com Kailash Satyarthi, ativista contra o trabalho infantil na Índia.
"Ela é muito corajosa e está fazendo um grande trabalho, especialmente pelas meninas", afirmou Shandana Saeed, de 39 anos.
O prestigiado jornal "Dawn" mencionava ontem no editorial os críticos da ativista.
"Ficaram cegos por uma visão do mundo simplista, enxergam conspiração onde deviam ver coragem, difamam quando deviam comemorar um paquistanês que representa o melhor de nós", dizia o texto do jornal.
"Bem-vinda, Malala", declarou.
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