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Abuso de bebida alcoólica mata mais de 3 milhões de pessoas por ano, diz OMS

21/09/2018 18h28

Marta Furtada.

Genebra, 21 set (EFE).- Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado nesta sexta-feira revelou que o consumo abusivo do álcool mata anualmente mais de 3 milhões de pessoas no mundo, a maioria homens.

Conforme o "Relatório de Status Global sobre Álcool e Saúde 2018", essas mortes representam 5% de todas as mortes por doença no planeta, ou um em cada 20 óbitos. De acordo com a pesquisa, três quartos das vítimas são homens.

De todas as mortes relacionadas ao álcool, 28% foram causadas por ferimentos provocados em acidentes de trânsito, automutilações ou violência interpessoal; 21% por distúrbios digestivos; 19% devido a doenças cardiovasculares e as demais ocasionadas por doenças infecciosas, câncer, transtornos mentais ou outras condições de saúde.

Segundo o relatório, apesar de várias tendências positivas no número de pessoas que bebem eventualmente e no número de mortes relacionadas ao álcool desde 2010, os dados gerais continuam muito elevados. Conforme a pesquisa, o consumo médio das pessoas que bebem álcool é de 33 gramas de álcool puro por dia, o equivalente a aproximadamente duas taças (cada uma de 150 ml) de vinho ou uma garrafa grande (750 ml) de cerveja.

"É inaceitável um consumo excessivo e nocivo tão generalizado e que provoca taxas tão altas de doença e morte. Os dados mostram claramente que ou faremos uma mudança significativa ou não cumpriremos com o que os próprios governos estabeleceram", afirmou o coordenador da Unidade de Gestão de Abuso de Substâncias da OMS, Vladimir Poznyak.

Os Estados-membros da OMS fixaram o objetivo de alcançar uma redução do consumo global de álcool em 10% até 2025 com relação aos índices de 2010. Além disso, a OMS sempre afirmou que a redução da ingestão nociva de álcool ajudará a alcançar atingir dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, em particular os relativos à saúde materno-infantil, doenças infecciosas e doenças não transmissíveis.

No mundo, 237 milhões de homens e 46 milhões de mulheres sofrem de distúrbios relacionados ao consumo de álcool. As maiores ocorrências são em homens dos continentes europeu e americano, 14,8% e 11,5% respectivamente. Os problemas são mais comuns em países de alta renda, e Poznyak ressaltou que quando há crise financeira, o consumo de álcool diminui.

Estima-se que 2,3 bilhões de pessoas no mundo sejam atualmente consumidoras de bebidas alcoólicas, e que mais da metade da população da América, da Europa e do Pacífico ocidental consuma álcool assiduamente. A Europa é a região com o maior consumo "per capita" do mundo: 9,8 litros em 2016, embora tenha tido uma queda considerável com relação ao ano de 2010, quando eram consumidos 11,2 litros.

As estimativas, no entanto, apontam que o uso crescerá mundialmente, especialmente no Sudeste Asiático, no Pacífico ocidental e no continente americano. Segundo a pesquisa, 27% dos jovens com idades entre 15 e 19 anos são consumidores frequentes de álcool, uma porcentagem que cresce consideravelmente na Europa (44%), seguida da América e do Pacífico ocidental (ambos com 38%).

O estudo ressaltou que levantamentos em escolas revelam que o consumo começa muitas vezes antes dos 15 anos, com diferenças muito pequenas entre meninos e meninas.

"Em todo o mundo, 45% do total de álcool registrado é consumido na forma de bebida alcoólica. A cerveja é a segunda bebida alcoólica mais tomada em termos de consumo puro de álcool (34%), seguida do vinho (12%)", indicou a pesquisa.

De acordo com Poznyak, todos os países podem fazer muito mais para reduzir os custos sociais e de saúde do uso nocivo do álcool.

"Ações comprovadas e econômicas incluem aumentar os impostos sobre bebidas alcoólicas, proibir ou restringir a publicidade delas e a restrição da disponibilidade física da bebida", explicou.