Putin diz apoiar retirada de tropas dos EUA da Síria, mas expressa dúvidas
Moscou, 20 dez (EFE).- O presidente da Rússia, Vladimir Putin, expressou nesta quinta-feira seu apoio à retirada das tropas dos Estados Unidos da Síria, mas lembrou que a mesma coisa vem sendo anunciada no Afeganistão há 17 anos e estas permanecem nesse país.
"Se os EUA decidiram retirar suas tropas da Síria, então é o passo correto. A presença de tropas americanas é necessária? Não, eu acredito que não", disse Putin durante sua grande entrevista coletiva anual.
Putin ressaltou que a presença de tropas americanas no país árabe carece de sentido quando tudo indica que a Síria se encontra a ponto de começar um processo de regulação política após a guerra que começou em março de 2011.
No entanto, destacou que a Rússia não tem ainda "indícios" de que a retirada americana vá ocorrer em breve e ressaltou que a presença do exército americano no país árabe, que tachou de "ilegítima", não foi sancionada por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU e também não a convite do regime de Bashar al Assad, aliado de Moscou.
"Quanto à retirada das tropas americanas, eu não sei o que é isso. Os EUA estão presentes, digamos, no Afeganistão. Por quanto tempo? 17 anos. E quase todo ano dizem que tirarão suas tropas. Por enquanto, seguem ali", comentou.
A Rússia advogou sempre pela retirada das tropas dos EUA, às quais acusa de ajudar os grupos jihadistas combatidos pelo regime de Assad e de colocar impedimentos à regulação do conflito.
Putin concordou com o presidente dos EUA, Donald Trump, no fato de que o grupo jihadista Estado Islâmico sofreu "grandes revezes" na Síria, mas alertou do perigo de que os grupos radicais que combateram na Síria se transfiram a outros países da região, como o Afeganistão.
"Esse é um grande perigo para todos nós, para a Rússia e para os EUA, para a Europa e para os países asiáticos e centro-asiáticos", afirmou o governante russo, que qualificou como "construtivo" o diálogo militar com Washington para a luta contra o terrorismo em território sírio, apesar das "contradições" existentes.
Por fim, destacou que a Rússia já pactuou a lista do comitê constitucional sírio com Assad, mas que o emissário da ONU, Staffan de Mistura, adotou uma postura de espera, o que poderia desacelerar o processo.
"Assad propôs suas 50 pessoas e participou da elaboração da lista de outras 50 pessoas da sociedade civil. E isso apesar de não gostar de todos. Mas, apesar de tudo, aceitou", disse. EFE
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