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Irlanda escavará suposta vala comum de bebês no final de 2019

29/12/2018 16h11

Dublin, 29 dez (EFE).- As escavações de uma suposta vala comum de bebês em um antigo centro católico de acolhida de mães solteiras em Tuam, no oeste da Irlanda, começarão "na segunda metade de 2019", anunciou neste sábado o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar.

Varadkar explicou que, antes disso, o Executivo deve "tramitar uma legislação a fim de obter as competências" para realizar a exumação das centenas de corpos que foram localizados em 2014 no convento regido pelas Irmãs do Bom Socorro entre 1925 e 1961.

Os registros oficiais indicam que pelo menos 798 bebês e crianças pequenas morreram no centro de acolhida, e as autoridades irlandesas acreditam que a maioria deles está enterrada nos tanques sépticos, cuja existência foi descoberta há quase quatro anos por uma historiadora local.

"Temos que aprovar o projeto de lei no Ano Novo, portanto prevemos realizar as primeiras escavações na segunda metade de 2019", afirmou o primeiro-ministro irlandês.

Varadkar acrescentou, no entanto, que antes disso poderão ser designados os especialistas legistas que realizarão os trabalhos no terreno, e ressaltou que completar este projeto, de uma magnitude sem precedentes no país, "é o correto a se fazer".

"Nunca fizemos nada assim na Irlanda, nesta escala, portanto temos muitas coisas que preparar e aprender antes de fazê-lo", explicou.

"Não sabemos exatamente em que estamos entrando, mas, como governo, estamos convencidos de que isto é o que é preciso ser feito, exumar os restos e dar a essas crianças um enterro decente", completou.

No último mês de outubro, o primeiro-ministro apresentou o projeto de lei que permitirá aos legistas examinar as câmaras subterrâneas situadas no convento do condado de Galway, uma iniciativa que poderia custar até 12 milhões de euros.

As Irmãs do Bom Socorro ofereceram 2,5 milhões de euros para ajudar a financiar a missão, embora o governo irlandês já tenha indicado que isso não as eximirá de potenciais indenizações futuras às vítimas.

O Executivo irlandês estabeleceu em 2014 a Comissão sobre Mães e Bebês para investigar possíveis valas comuns em diversos lugares da Irlanda, após a descoberta dos esqueletos em Tuam.

O caso de Tuam foi revelado quando um estudo da historiadora local Catherine Corless descobriu certidões de óbito que sugeriam que quase 800 crianças jaziam no espaço que era ocupado por tanques sépticos no edifício do centro de acolhida.

Em 2013, outra investigação oficial revelou o comportamento das freiras católicas nas chamadas "Lavanderias de Madalena", onde entre 1922 e 1996 milhares de internas trabalharam em um regime de semiescravidão e abusos. EFE