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Faltou avaliar riscos sobre o roubo de gasolina no México, diz especialista

19/01/2019 20h11

Cidade do México, 19 jan (EFE).- A perfuração e extração de oleodutos feitas de maneira rudimentar aumentam as chances de uma catástrofe como a que ocorreu no estado mexicano de Hidalgo, com pelo menos 67 mortos, por isso são necessárias mais prevenções, de acordo com o diretor nacional de Energia e Engenharia Civil da Universidade do Vale do México, Gerardo de Alba Mora.

"Agora chegam dois elementos novos ao debate público. Um deles, que não tinha sido abordado, é o risco das pessoas que fazem este tipo de atividade ilegal, assim como as implicações ambientais", afirmou o especialista.

Desde que assumiu a presidência, no dia 1º de dezembro, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, iniciou um combate frontal contra o "huachicoleo" - como se conhece no México o roubo de combustíveis -, que gera prejuízos multimilionários à estatal Petróleos Mexicanos (Pemex).

Foi alterado o modelo de fornecimento aos postos de gasolina, transportando mais hidrocarbonetos por caminhão, o que gerou desabastecimento em dez estados do país.

"Foi muito falado sobre as implicações econômicas do roubo de combustível e da insatisfação" da população, sem levar em conta os perigos desta prática, afirmou Alba Mora.

Os riscos deste tipo de roubo ficaram evidentes nas últimas horas no México, quando uma operação clandestina no município de Tlahuelilpan, no estado de Hidalgo, ocasionou uma tragédia com pelo menos 67 mortos e 75 feridos, alguns em estado muito grave.

O especialista disse que "ainda é muito cedo" para estabelecer como foi realizado o buraco no oleoduto, o que será determinado pela perícia, mas que é evidente que a forma de roubo da gasolina foi completamente "rudimentar".

Nas imagens que chegaram à imprensa do roubo de combustível em Tlahuelilpan é possível observar uma centena de pessoas subtraindo gasolina com garrafas e jarras, até que aconteceu a forte explosão. Ainda não foi esclarecido como o oleoduto foi perfurado.

"Há quem perfure o duto para subsistir, no seu dia a dia, e assim tirar algum dinheiro, mas sem ferramentas. Para outros, (o roubo de combustível) é um negócio conhecido e extremamente rentável", comentou o acadêmico.

Alba Mora ressaltou a periculosidade do roubo de gasolina desses dutos, principalmente quando a operação não é feita com ferramentas adequadas nem especialistas.

"Estamos falando de combustíveis. São líquidos muito facilmente inflamáveis e que com qualquer distração, uma faísca, podem provocar uma explosão", ressaltou.

Segundo o especialista, a Pemex precisará garantir o cumprimento de todas as leis internacionais ao operar oleodutos, fazendo a manutenção e a vigilância adequadas. Alba Mora também opinou que a estatal deveria implementar um sistema de monitoramento mais "efetivo" para "uma falha natural ou uma possível operação de huachicoleo". EFE