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Ativistas fazem campanha para libertar último elefante de zoo de Johanesburgo

28/01/2019 10h01

Nerea González.

Johanesburgo, 28 jan (EFE).- Com 39 anos, a elefanta Lammie ficou sozinha em seu cativeiro no zoológico de Johanesburgo depois que seu companheiro, Kinkel, morreu em setembro e, desde então, grupos de defesa dos direitos dos animais da África do Sul promovem uma campanha para que ela seja libertada e possa passar o resto de sua vida em um santuário.

As razões para sua mudança vão desde a personalidade naturalmente sociável dos elefantes até as condições precárias que o zoológico de Johanesburgo oferece aos enormes mamíferos, que, em condições normais, percorrem cerca de 60 quilômetros por dia.

"Os elefantes estão muito próximos dos humanos na forma em que demonstram suas emoções e se organizam em grupos familiares. E como os humanos, eles sofrem por seus entes queridos", explicou à Agência Efe Smaragda Louw, integrante da Ban Animal Trading, uma das associações que promovem esta iniciativa e que, inclusive, se oferece para cobrir os custos da transferência.

"(Os elefantes) são muito inteligentes, têm uma comunicação muito complexa e são altamente sociáveis", assinalou Karen Trendler, porta-voz do Conselho Nacional de Sociedades pela Prevenção da Crueldade com os Animais (NCSPCA, na sigla em inglês), o órgão independente que zela pelo cumprimento das leis que protegem a fauna na África do Sul.

O zoológico, situado em um dos subúrbios do norte da cidade, se negou categoricamente aos pedidos e, até o momento, sua única alternativa foi a possibilidade de trazer outro elefante para viver com Lammie.

"Ela está aguentando extremamente bem. Agora estamos avaliando com as autoridades pertinentes se podemos conseguir um acompanhante", contou à Efe Jenny Moodley, porta-voz do Departamento de Parques de Johanesburgo.

O zoológico afirma que, apesar de Lammie ter mostrado iniciais de angústia após a perda de Kinkel, ela já apresenta um comportamento normal e nenhum sinal típico de depressão.

Além disso, o zoo alega que realiza um trabalho social e educativo, já que é o único lugar no qual muitas crianças desfavorecidas de Johanesburgo podem ver os elefantes.

Os defensores dos animais, no entanto, têm uma opinião completamente oposta.

"Ter um elefante só, ou ter dois que não têm motivos para se dar bem, é muito injusto", opinou Karen Trendler.

A especialista acrescentou que, para que um elefante tenha um meio social próximo a seu comportamento natural, ele deve pertencer a um grupo de pelo menos quatro exemplares, algo que não vai acontecer no zoológico de Johanesburgo.

Além disso, trazer outro paquiderme ao zoo suporia forçar este animal a romper os laços com seu próprio grupo social.

"Para outros animais é possível dar o que necessitam em recintos pequenos, aos elefantes não", acrescentou, de forma taxativa, Trendler.

Os grupos de defesa dos direitos dos animais também não concordam com o suposto valor educativo de se ter um animal em cativeiro, especialmente se for de uma espécie que não pode desenvolver uma vida normal em tais condições.

"O que estão mostrando para as crianças pequenas, implicitamente, é que o bem-estar de um animal não importa enquanto se pode vê-lo, e isto não é certo", alegou Louw em nome da Ban Animal Trading.

"O que ensinamos às crianças é que um elefante solitário e preso não é algo correto. Não está fazendo coisas de elefantes. Os macacos, pelo menos, têm árvores para se pendurar e estão em grupos", disse a porta-voz do NCSPCA.

Os grupos de defesa dos direitos dos animais também argumentam que há múltiplas reservas naturais nas proximidades de Johanesburgo aptas para excursões escolares de um dia como as que são organizadas ao zoológico.

"Os zoológicos dão ao público um falso sentido de segurança com relação à conservação, porque os animais estão ali, mas a verdade é que estamos dizimando seus ecossistemas. O que deveríamos fazer é investir este dinheiro para tentar proteger seu meio ambiente", ressaltou Louw.

Para dar visibilidade à campanha pela libertação de Lammie, os ativistas preparam uma manifestação em frente ao zoológico para o dia 9 de fevereiro. EFE