ONGs contabilizam 35 mortos e 850 detidos em protestos na Venezuela
Caracas, 28 jan (EFE).- Os protestos contra o governo que ocorreram na Venezuela na última semana tiveram 35 mortos e 850 detidos, segundo um balanço apresentado nesta segunda-feira por várias organizações não governamentais.
"Temos o número confirmado, com nome, sobrenome, lugar e supostos responsáveis de 35 pessoas assassinadas no contexto das manifestações em todo o país", disse em entrevista coletiva o diretor do Programa Venezuelano de Educação-Ação em Direitos Humanos (Provea), Rafael Uzcátegui.
Este balanço, elaborado junto com o Observatório Venezuelano de Conflito Social (OVCS), detalha que a capital Caracas é o lugar com o maior número de mortes, dez, seguido pelo estado de Bolívar, com oito, e Portuguesa, com quatro.
"São pessoas, em sua totalidade, das zonas populares (mais pobres), o qual reflete a particular sanha com a qual estão sendo reprimidas as comunidades mais desfavorecidas do nosso país. Além disso, todas as pessoas morreram como consequência de armas de fogo", ressaltou Uzcátegui.
Provea cita como "principal responsável" por essas mortes os integrantes das chamadas Forças de Ações Especiais (FAES), uma corporação de segurança do Estado que opera nas áreas mais pobres e sob uma "lógica de guerra e lógica de extermínio", denunciou a organização.
"Estão obrigando as famílias a aceitarem a falsificação da causa da morte e do órgão responsável", revelou.
A ONG Foro Penal, que lidera a defesa dos considerados presos políticos no país, ressaltou que a maioria das detenções ocorreram em zonas pobres, onde foi registrada a maioria dos protestos desde a segunda-feira passada.
"Desde o dia 21 de janeiro até agora estamos contabilizando 850 detenções de pessoas que protestaram", comentou Alfredo Romero, diretor da ONG.
O advogado explicou que apenas no dia 23 de janeiro, quando centenas de milhares de venezuelanos se manifestaram em todo o país contra o governo de Nicolás Maduro, houve 696 detenções. O total de detidos ainda conta com 77 menores de idade, alguns com 12 anos.
As manifestações ocorrem porque a Assembleia Nacional (parlamento) não reconhece o novo mandato de seis anos para o qual Maduro foi reeleito. Segundo a oposição, cuja maioria não participou das eleições, o pleito foi uma fraude. EFE
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