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Vítimas de abusos participam de encontro no Vaticano para exigir tolerância 0

20/02/2019 12h18

Roma, 20 fev (EFE).- Vítimas de abusos sexuais cometidos por religiosos estão reunidas nesta quarta-feira no Vaticano para exigir uma verdadeira "tolerância zero" contra agressores e pessoas coniventes, com o objetivo de enfrentar um "problema mundial".

De acordo com o americano Peter Isely, abusado quando criança por um padre e hoje fundador de uma rede de apoio às vítimas, o papa foi incentivado por ele a promover uma política de "tolerância zero" contra qualquer religioso ou ordem religiosa que tenha cometido tais crimes. Conforme explicou, ele também pediu para que o pontífice expulse da Igreja quem cometa abusos sexuais, mas também bispos e cardeais que acobertem.

Para ilustrar citou uma frase atribuída a São Francisco: "Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível", afirmou ele.

O papa convocou para amanhã uma reunião no Vaticano com todos os presidentes de conferências episcopais do mundo para abordar o tema da pedofilia e o seu comitê organizador terá hoje um encontro paralelo com um grupo de vítimas.

Para Isely, este é um momento histórico, após anos de silêncio. Em sua opinião, mesmo que não ocorram medidas concretas agora, a reunião é válida pelo fato colocar vítimas de todos os lugares do mundo em contato.

Também participaram do ato com a imprensa outras vítimas como o britânico Peter Saunders, que deixou a comissão sobre a proteção de menores criada por Francisco; a canadense Evelyn Korkmaz, representante dos indígenas do seu país; a jamaicana Denise Buchanan e Francesco Zanardi, presidente da rede de abusados italianos.

Por outro lado, o americano Phil Saviano, cujo caso de abuso sexual serviu para o jornal americano "The Boston Globe" revelar o acobertamento destes crimes durante anos pela Igreja local, escreveu uma carta ao organizador do encontro no Vaticano, o bispo Charles Scicluna. No texto, Saviano afirmou que após os abusos revelados na Pensilvânia e os escândalos do ex-cardeal Theodore McCarrick, expulso do sacerdócio pelo papa, "o barco do catolicismo está afundando" nos Estados Unidos.

"Acreditamos nos fatos e acreditamos que, se os fatos forem totalmente revelados, os remédios serão claros", considerou.

Na mensagem, ele isso pediu ao Vaticano para que divulgue os nomes dos padres envolvidos em abusos para "promover uma nova era de transparência". EFE