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Governo da Nicarágua e aliança opositora aprovam roteiro de 9 pontos

27/02/2019 23h01

Manágua, 27 fev (EFE).- O governo do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, e a opositora Aliança Cívica pela Justiça e Democracia aprovaram nesta quarta-feira um roteiro de nove pontos no início de uma nova mesa de negociações com a qual se busca uma saída pacífica à crise sociopolítica do país.

O núncio apostólico na Nicarágua, Waldemar Stanislao Sommertag, que junto ao cardeal nicaraguense Leopoldo Brenes atua como testemunha dessas negociações, explicou aos jornalistas que na primeira sessão se trabalhou na aprovação do roteiro, "que constitui a legislação do funcionamento da negociação".

"Da proposta inicial de 12 pontos, se alcançou a aprovação de nove", disse o religioso, sem dar mais detalhes e sem aceitar perguntas dos jornalistas.

Membros da equipe negociadora da Aliança Cívica disseram aos jornalistas que durante a jornada de hoje definiriam a agenda, a metodologia de trabalho, e analisariam propostas de quem podem atuar como facilitadores e como fiadores.

Além disso, o núncio afirmou que as partes decidiram realizar uma segunda sessão amanhã.

A Nicarágua instalou nesta quarta-feira uma nova mesa de negociações para superar de forma pacífica a crise sociopolítica que vive desde abril, sem a participação do presidente Ortega nem da sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, como ocorreu em uma primeira tentativa fracassada de diálogo em maio do ano passado.

Durante a jornada, o núncio apostólico transmitiu uma saudação do papa Francisco à abertura das negociações e seu desejo para que se resolva a crise sociopolítica do país com responsabilidade e pelo bem de todos.

Por sua vez, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, anunciou em Washington que o organismo poderia atuar como "fiador" do diálogo na Nicarágua, onde considera que é possível conseguir uma "solução nicaraguense" à crise que deixou centenas de mortos e de detidos.

O Conselho Permanente da OEA começou a aplicar a Carta Democrática Interamericana à Nicarágua, o que poderia culminar com sua suspensão do organismo continental.

Durante a instalação da mesa de negociações, a Aliança Cívica reafirmou que exigirá a libertação dos detidos por protestar contra o governo e o restabelecimento das liberdades, direitos e garantias previstas na Constituição.

Além disso, reivindicará reformas eleitorais que garantam eleições justas, livres e transparentes, e justiça para as vítimas dos violentos protestos que começaram em 18 de abril de 2018.

A Nicarágua sofre uma grave crise que deixou 325 mortos desde abril, de acordo com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), embora alguns grupos locais humanitários elevem a 561 o número de vítimas mortais, enquanto o Executivo só reconhece 199 e denuncia uma tentativa de golpe de Estado. EFE