Guterres diz que Líbia não é porto seguro para desembarque de imigrantes

Trípoli, 5 abr (EFE).- O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse nesta sexta-feira que a Líbia não é um porto seguro para o desembarque de imigrantes e insistiu que o destino dos mesmos e o dos solicitantes de asilo é responsabilidade da comunidade internacional.

Em comunicado após visitar um dos centros de detenção em Trípoli, o político português se mostrou consternado pelas condições dos migrantes presos.

"Neste momento, ninguém pode argumentar que a Líbia é um porto seguro para o desembarque. Estes migrantes e refugiados não são responsabilidade da Líbia, mas de toda a comunidade internacional", afirmou Guterres do Twitter.

"Estou profundamente impactado e comovido com o sofrimento e o desespero que vi no centro de detenção de Trípoli, onde os migrantes e refugiados estão detidos por tempo ilimitado e sem esperança de recuperar suas vidas", acrescentou.

As palavras de Guterres contradizem as políticas da Europa, e em particular de países como Itália e Espanha, que impedem com o argumento contrário que os navios humanitários possam resgatar migrantes em águas do Mediterrâneo.

Desde que o governo da Espanha decidiu reter no porto o navio da ONG espanhola "Open Arms", nenhuma embarcação humanitária trabalha no Mediterrâneo.

Há uma semana, a União Europeia ampliou a "Operação Sofia", uma ofensiva militar oficialmente projetada para evitar o tráfico de migrantes no Mediterrâneo, mas que nos cinco anos que está em vigor não atingiu seu objetivo.

As praias que se estendem entre Trípoli e a fronteira com a Tunísia se transformaram nos últimos dois anos no principal reduto das máfias do tráfico de pessoas, apesar da presença de barcos patrulheiros europeus.

Segundo dados da Organização Internacional das Migrações (OIM), órgão vinculado à ONU, mais de 139 mil imigrantes irregulares conseguiram atravessar para a Europa em 2018, enquanto 2.275 desapareceram no mar.

A maior parte morreu na chamada rota central do Mediterrâneo, que une o Sahel e o chifre da África com a Itália através da Líbia, considerada uma das mais mortais do mundo. EFE