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Vaticano recebe pela primeira vez delegação de coletivo LGBT

05/04/2019 12h42

Cidade do Vaticano, 5 abr (EFE).- O Vaticano abriu suas portas nesta sexta-feira pela primeira vez para uma delegação do coletivo LGBT e representantes de associações de defesa dos direitos desta comunidade, um encontro qualificado pelos ativistas como "histórico" e "um primeiro passo".

"Esperávamos ser recebidos pelo papa Francisco, mas, há poucos dias, nos informaram que a reunião seria com o secretário de Estado, o cardeal Pietro Parolin", disse à imprensa após o encontro Helena Kennedy, diretora do International Bar Association's Human Rights Institute (Ibahri).

O objetivo da reunião era apresentar ao Vaticano os resultados preliminares de uma pesquisa conduzida nos países da região do Caribe, em dez dos quais a homossexualidade ainda é criminalizada, e pedir que a Igreja Católica se posicione de maneira contundente contra essas leis.

"Vemos uma clara relação entre a existência de leis que criminalizam a homossexualidade e as atitudes na sociedade, por isso é muito importante que a Igreja se pronuncie", acrescentou Kennedy.

Para o argentino Pedro Paradiso, diretor-executivo da Associação Internacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Trans e Intersexuais (Ilga), que agrupa mais de 1.500 ONGs de cem países, foi "um momento histórico" e um "primeiro passo muito importante".

"Ainda existem 70 países que criminalizam a homossexualidade, seis países em que ela é punida com a pena de morte", disso Paradiso, que considera a visita "uma mensagem contundente de uma das religiões mais importantes do mundo".

Apesar de não terem sido recebidos pelo papa, a delegação considerou que o encontro foi propiciado pelo próprio Francisco.

No comunicado entregue a Parolin, a delegação pede que a Igreja Católica declare que a criminalização do coletivo LGBT é "uma manifestação do ódio irracional, por isso é diferente" e uma "afronta intolerável à dignidade humana".

O grupo também solicita que a Igreja peça a todos os Estados que garantam proteção aos direitos humanos de todas as pessoas, que se faça uma chamada nesse sentido aos cristãos e que as conferências episcopais sejam instruídas a trabalhar em favor da descriminalização das relações sexuais consentidas entre adultos.

Por fim, pedem que a Igreja declare ilegal "a aplicação dos chamados tratamentos de conversão para curar" os homossexuais. EFE