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Veleiro espanhol chega ao Rio 500 anos após Fernão de Magalhães

19/12/2019 18h02

Carlos A. Moreno.

Rio de Janeiro, 19 dez (EFE).- O veleiro Pros, que reproduz o caminho iniciado pelo português Fernão de Magalhães e concluído pelo espanhol Juan Sebastián Elcano há 500 anos, na primeira circum-navegação da história, chegou nesta quinta-feira ao Rio de Janeiro.

Esta foi a terceira etapa de uma viagem que consiste em percorrer 44 mil milhas náuticas (81,5 mil quilômetros) em três anos (de agosto de 2019 a setembro de 2022).

O veleiro espanhol completou em nove dias as 1,1 mil milhas náuticas que separam o Recife, aonde chegou em 8 de dezembro e permaneceu por dois dias, da capital fluminense, que foi a primeira escala de Magalhães na América.

A expedição realizada cinco séculos atrás chegou pela primeira vez à América na Baía de Guanabara, em 13 de dezembro de 1519. Agora, o veleiro de 21 metros de comprimento chegou ao Rio de Janeiro com seis dias de atraso em relação à viagem de Magalhães e Elcano, mas dentro do prazo estabelecido pelos organizadores e apesar de ter navegado paralelamente à costa brasileira em velocidades recordes.

"Foi uma viagem tranquila. Tivemos um vento muito bom. Um vento às vezes um pouco excessivo que nos permitiu quebrar recordes de velocidade mesmo com pouco pano. A viagem tem sido muito boa. Tanto que, como a data de chegada era hoje, tivemos que ancorar em Búzios, onde pudemos descansar por alguns dias na maravilhosa e bela baía", disse o capitão do Pros, Pepe Solá, à Agência Efe pouco depois de pisar no cais do Iate Clube do Rio de Janeiro.

Solá ressaltou que, apesar de também ser um veleiro, as condições de navegação dos dois são totalmente diferentes e hoje é possível aproveitar as tecnologias desenvolvidas nos últimos 500 anos.

"São condições completamente diferentes. Já se passaram 500 anos. A tecnologia avançou, assim como o conhecimento. Eles foram pioneiros. Tudo o que fazemos é ir atrás deles, sabendo o que eles já descobriram. O mérito deles não é comparável. Para nós, é uma aventura, é interessante, é divertido, é emocionante", analisou.

O Pros é um ketch de dois mastros que navega com baterias, um gerador de eletricidade, GPS, rádio de longo alcance, antena parabólica e até piloto automático,

"Lembro-me do que eles fizeram, da aventura em que se meteram com os poucos recursos tecnológicos que tinham. Sabemos o tempo à nossa frente, sabemos a geografia para onde vamos. Eles não faziam ideia. E eles tinham condições de navegação incomparáveis: barcos que eram bons na época, mas que não são nada em comparação com os de hoje", acrescentou.

No entanto, Solá admitiu que mesmo com toda a tecnologia disponível ainda existem desafios difíceis e até mesmo perigosos a serem enfrentados.

"Eles sofreram de uma tremenda falta de conhecimento. Nós sabemos em que pé estamos. E podemos sempre encontrar surpresas, mas nada a ver com as deles, que não sabiam tudo", comparou.

O Pros permanecerá ancorado no Rio até 8 de janeiro, quando embarcará para Montevidéu (17 de janeiro) e Buenos Aires (19 de janeiro). Depois, seguirá para Península Valdés, Puerto Deseado e Puerto San Julián, antes de chegar a Punta Arenas (Chile) no dia 8 de fevereiro.

Dos sete tripulantes do barco, seis voltarão do Rio para a Espanha e o outro permanecerá de vigia. Uma nova tripulação chegará em janeiro para continuar a viagem, mas Solá só voltará a participar da aventura em Buenos Aires.

O capitão espera que, ao contrário de Magalhães e Elcano, que tiveram a única parada agradável da viagem no Rio antes do início dos problemas (o português morreu ao longo da expedição, nas Filipinas), a "volta ao mundo do Pros" continue a ser tão agradável quanto tem sido até agora. EFE