Julgamento de ex-ditador do Sudão por golpe dado em 1989 tem início
O julgamento do antigo ditador do Sudão, Omar al-Bashir, pelo golpe de Estado que o levou ao poder em 1989, após semanas de adiamentos, foi iniciado nesta terça-feira, em Cartum, capital do país, com a leitura das acusações do Ministério Público local.
O procurador geral do país, Tag el-Sir el-Hibir, fez a apresentação do caso contra o ex-chefe de governo e garantiu existirem "evidências, documentos, confissões e gravações de vídeos de lideranças civis e militares sobre o planejamento e a implementação do golpe".
A audiência aconteceu em uma instalação da polícia de Cartum, após várias objeções da defesa de Al-Bashir para encontrar um local "adequado e amplo" do antigo ditador, que responde por 28 acusações no julgamento iniciado hoje.
O antigo presidente, que foi deposto e detido em abril do ano passado esteve presente no julgamento e ouviu toda a apresentação do procurador-geral, que afirmou que a "Frente Islâmica se infiltrou nas Forças Armadas, colocou fim do sistema democrático e impediu a transição pacífica do poder".
A defesa de Al-Bashir chegou a se retirar do tribunal montado, em sinal de protesto com a argumentação de procurador-geral. O tribunal, por sua vez, negou diversos pedidos de impugnação apresentados pela defesa, sobre a instância do caso.
Também foi recusada solicitação de afastamento de um dos juízes, por causa da participação nas manifestações contra o ex-ditador.
O processo contra Al-Bashir começou em 21 de julho, com uma série de audiências preliminares para cumprir formalidades de apresentação das acusações. A defesa insistiu na busca por um lugar amplo para o julgamento, devido a propagação da Covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus.