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Depressão é um problema prioritário na América Latina, segundo especialistas

15/12/2020 22h11

Madri, 15 dez (EFE).- A depressão é o transtorno mental mais frequente que, de acordo com um painel de especialistas, ainda carece de reconhecimento social e governamental como uma doença que afeta toda a comunidade e, portanto, merece um investimento "eficaz" que combata seus efeitos e previna casos futuros.

No EFE Fórum Saúde "Depressão. Um problema de saúde pública na América Latina", organizado pela Agência Efe em colaboração com a Janssen, estudiosos em assuntos de saúde e econômicos concordaram que o preconceito representa a primeira barreira desta patologia.

A dra. Laura Ospina Pinillos, especialista em psiquiatria e professora assistente da Universidade Pontificia Javeriana, e o dr. Gustavo Cabrera, paciente e titular da Faculdade Nacional de Saúde Pública Héctor Abad Gómez, da Universidade de Antioquia, participaram do debate.

O painel foi concluído pelo diretor do Departamento de Psiquiatria da Universidade del Rosario e diretor do Centro de Pesquisas do Sistema Nervoso do Grupo CISNE, dr. Rodrigo Córdoba, e pelo especialista em Economia e Gestão da Saúde da Universidade Politécnica de Valência, dr. Jaime Ramírez Moreno.

Cabrera explicou que em seu caso pessoal, como paciente, sentiu que a depressão é "a lepra do século XXI" e passou "30 anos de obscurantismo" diante da falta de apoio e informação.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença afeta mais de 300 milhões de pessoas - na América Latina, 5% dos adultos sofrem dela - com um impacto econômico próximo a US$ 1 bilhão; números que, como todos os participantes do evento concordaram, aumentarão devido à pandemia de covid-19.

Cabrera acredita, neste sentido, que as pessoas precisam de maior "acesso a consultas psicológicas" e, em geral, reivindicou "o direito de serem tratadas de forma abrangente".

Para Ospina, o fundamental é investir na saúde mental de crianças e jovens, para obter "um maior retorno" na vida adulta, e na tecnologia ou em novas ferramentas digitais que favoreçam a telemedicina, promovendo assim melhores serviços para a sociedade.

Tristeza prolongada, apatia, angústia ou falta de vontade de realizar tarefas diárias são alguns dos sintomas da depressão, que na maioria dos casos leva a uma perda de produtividade na vida adulta.

Na pior de suas consequências, ela pode levar ao suicídio, algo que, segundo dados da OMS, causa uma morte a cada 40 segundos no mundo inteiro e 38 mil casos anualmente na América Latina.

Diante deste fenômeno, Rodrigo Córdoba assumiu o discurso principal para tratar a depressão como uma prioridade coletiva, e não como um problema individual.

Córdoba participou do estudo TRAL, sobre Depressão Resistente ao Tratamento na América Latina, realizado com amostragem de 1.475 pacientes com distúrbio depressivo grave e que mostrou que quase 30% apresentavam sinais de resistência à terapia convencional, o que pode levar a uma maior morbidade e custos mais elevados dos serviços médicos.

O dr. Ramírez Moreno defendeu então "políticas saudáveis que eliminem ou reduzam ao máximo o estigma e a exclusão" como uma solução que melhoraria a qualidade de vida dos pacientes a longo prazo.

O fórum debateu o estigma ligado à depressão e outras doenças mentais apelando para uma estreita colaboração entre governos, empresas e cidadãos e defendeu que se promova um atendimento oportuno aos pacientes, diminuindo a pressão sobre os sistemas de saúde.

O gasto anual médio per capita com saúde mental na América Latina é de US$ 13,80, com uma diferença significativa entre países de alta renda (US$ 48 per capita) e países de média e baixa rendas (US$ 2,5 per capita).