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Israel veta entrada de primeiras vacinas na Faixa de Gaza

15/02/2021 22h03

Jerusalém/Gaza, 15 fev (EFE).- Israel vetou nesta segunda-feira a entrada das primeiras vacinas contra a Covid-19 na área bloqueada da Faixa de Gaza, denunciou a Autoridade Nacional Palestina (ANP), que fez o embarque.

"As autoridades de ocupação israelenses impediram hoje o acesso de vacinas contra o coronavírus ao enclave, que o ANP tentou enviar como primeira remessa de 2 mil doses das 10 mil recebidas da Rússia", declarou o Ministério da Saúde palestino em um comunicado.

A ministra da saúde, Mai al Kaila, considerou a medida de "arbitrária" e "contrária a todas as regras, leis e acordos internacionais".

A programação inicial previa que Gaza receberia as doses ontem, e o embarque foi adiado para hoje, com um primeiro lote da vacina russa Sputnik a ser administrado a alguns trabalhadores da área da saúde, mas o acesso está pendente da aprovação do governo israelense. Israel ainda não tomou uma decisão final sobre a permissão, relataram fontes oficiais à Agência Efe.

Durante o dia, o Comitê Parlamentar de Assuntos Exteriores e Defesa debateu a questão, e os deputados que a compõem se mostraram divididos. A decisão cabe ao governo, e alguns integrantes do comitê solicitaram que o acesso fosse condicionado à negociação do retorno de dois civis israelenses capturados e dos corpos de dois soldados mortos na guerra de 2014, realizada desde então no enclave, que é administrado de fato pelo movimento islâmico Hamas.

A ANP, com base na Cisjordânia, recebeu cerca de 10 mil doses da vacina russa no último dia 4 e hoje enviou o primeiro carregamento para Gaza, que é territorialmente separada, tem uma população de 2 milhões de habitantes e está sob bloqueio israelense desde 2007.

Até agora, a Cisjordânia, com mais de 3 milhões de palestinos, recebeu apenas 2 mil doses de Israel e as doadas pela Rússia, que começou a inocular trabalhadores da saúde com o objetivo de iniciar uma campanha entre a população durante a segunda quinzena de fevereiro.

Mas a imunização em massa será adiada para uma data posterior ainda a ser determinada, após um novo atraso na chegada das vacinas, anunciou hoje o primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh.

As autoridades palestinas estão esperando 37 mil doses gratuitas do mecanismo Covax, da Organização Mundial da Saúde (OMS), que deverá chegar nas próximas duas semanas. Além disso, a ANP anunciou um acordo com a empresa britânica AstraZeneca para receber 2 milhões de frascos.

O novo enviado das Nações Unidas para o Oriente Médio, Tor Wennesland, pediu para Israel contribuir para a disponibilidade de vacinas contra a Covid-19 nos territórios palestinos, algo que, segundo ele, está em conformidade com suas obrigações sob o direito internacional.

Diversas organizações internacionais e ONGs locais exigiram a responsabilidade de Israel como "potência ocupante" para vacinar a população palestina.