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OMS admite falha na meta de iniciar vacinação em todo o mundo até amanhã

09/04/2021 18h27

Genebra, 9 abr (EFE).- A meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de começar a vacinação contra a Covid-19 em todos os países do mundo nos primeiros 100 dias de 2021 não foi alcançada, já que 14 das 220 nações e economias do planeta ainda não iniciaram a imunização.

"Alguns ainda não solicitaram vacinas, outros ainda não estão prontos e outros planejam começar nas próximas semanas ou meses", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em uma entrevista coletiva concedida hoje, um dia antes do prazo de 100 dias estabelecidos pela agência.

Tedros destacou que 194 países e economias já iniciaram a vacinação e outros 12 começarão a vacinar em breve, pois acabaram de ter acesso às primeiras doses ou receberão nos próximos dias.

O diretor-geral frisou que a OMS, por meio do programa Covax, esperava distribuir no mês de março cerca de 100 milhões de doses para todo o mundo - principalmente aos países em desenvolvimento -, mas nas primeiras seis semanas de operação, foram enviadas apenas 38 milhões de doses.

Como a própria OMS explicou ontem, o atraso deve-se ao fato de que as principais empresas farmacêuticas associadas à Covax (AstraZeneca, Pfizer-BioNTech e Instituto do Soro da Índia) estarem otimizando seus processos de produção na fase inicial do lançamento.

No caso da farmacêutica indiana, o atraso também é por conta do país asiático estar atravessando uma grave segunda onda da pandemia, levando as autoridades nacionais a aumentar o ritmo de vacinação, reduzindo as doses destinadas à exportação.

Tedros Adhanom Ghebreyesus reconheceu que a vacinação ainda é muito desigual no mundo, pois das mais de 700 milhões de doses administradas no planeta até o momento, 87% foram inoculadas em países de renda média ou alta.

"Em países de alta renda, em média, uma em cada quatro pessoas já foi vacinada, enquanto nos países pobres, apenas uma em 500 foi imunizada", afirmou.

O diretor da OMS ressaltou que os acordos e doações bilaterais que alguns países optam por fazer fora do Covax "ameaçam aumentar a desigualdade na vacinação" e garantiu que a escassez de doses "alimenta o nacionalismo e o uso de vacinas para fins diplomáticos".

O programa Covax visa distribuir 2 bilhões de doses em todo o mundo, 80% delas em países em desenvolvimento.

"Para isso precisamos do apoio contínuo de governos e fabricantes, pois toda vez que se chega a um acordo bilateral sem passar pelo Covax, significa menos dose para o programa", disse Seth Berkley, diretor da Aliança para a Vacinação (Gavi).

O americano mostrou confiança de que os atuais problemas de abastecimento do Covax serão resolvidos no segundo semestre "e podemos beneficiar de uma maior capacidade de produção".