Participação nas eleições do Chile frustra analistas e fica em 43,3%
A afluência às urnas foi inferior à metade das listas eleitorais, menos de 6,5 milhões de pessoas, apesar de esta ser uma das eleições mais importantes dos 31 anos de democracia do país, na qual foi escolhida a composição da Assembleia Constituinte que redigirá a nova Carta Magna, a primeira a emanar de um processo plenamente democrático na história do Chile.
Quase 15 milhões de cidadãos estavam aptos a votar nestas eleições que abrem a possibilidade de conceber um novo modelo de país com mais direitos sociais, e no qual as candidaturas de cidadãos independentes foram as grandes vencedoras, contra todas as probabilidades, obtendo 48 das 155 cadeiras.
A direita, por outro lado, não conseguiu sequer um terço dos lugares (37), o patamar que lhe daria o poder de influenciar a discussão e os artigos de veto, razão pela qual suas mãos estão atadas perante as maiorias que os constituintes da oposição de esquerda (53) e os independentes podem alcançar em certas questões.
Desde que o voto deixou de ser obrigatório em 2012, nenhuma eleição excedeu 50% de participação no Chile, com exceção do plebiscito de outubro do ano passado, no qual 50,9% votaram, e o menor nível foi registrado nas eleições municipais de 2016, em que apenas 34,9% votaram.
A divisão por regiões e bairros mostra que a afluência às urnas nos setores mais ricos e mais conservadores tem sido mais elevada, chegando a ultrapassar 60%, enquanto que nas zonas mais pobres votaram menos pessoas.
Entre os eleitores participantes, 41,3% têm menos de 40 anos, um grupo etário caracterizado por elevadas taxas de abstenção, com exceção do plebiscito de outubro.
Naquela votação, que foi a saída encontrada pela classe política para uma onda maciça de protestos, quase 80% dos eleitores decidiram enterrar a atual Constituição e a participação dos jovens entre os 18 e os 25 anos aumentou 20%, em comparação com os 36% nas eleições presidenciais de 2017.
A partir de sua formação, a Assembleia Constituinte, a primeira paritária do mundo e constituída exclusivamente por membros eleitos, terá até um ano para elaborar a nova Carta Magna em substituição da atual, elaborada durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), e considerada por muitos como a origem das grandes desigualdades do país.
O processo culminará em 2022 com um plebiscito de saída para aprovar ou rejeitar o texto.
O processo constituinte foi proposto como a forma política de pôr fim à crise social que eclodiu em 2019, com marchas maciças que deixaram cerca de 30 mortos, milhares de feridos e graves acusações de violações dos direitos humanos contra as forças de segurança.
As eleições, que seriam inicialmente em abril e foram adiadas devido à crise sanitária, foram realizadas em dois dias para evitar multidões e, além dos constituintes, também foram eleitos prefeitos, conselheiros e governadores, com a participação total de quase 17.000 candidatos.
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