Biden alega que não havia como tropas deixarem Afeganistão sem "caos"
Além disso, ele afirmou que os talibãs não estão cooperando para permitir que os EUA retirem seus colaboradores afegãos do país.
"A ideia de que poderia ter havido alguma forma de sair sem o caos, não sei como isso poderia ter acontecido", disse Biden em entrevista à rede "ABC".
O presidente americano admitiu que seu governo está encontrando dificuldades para retirar os afegãos que ajudaram as tropas dos EUA, apesar de os talibãs terem prometido permitir a passagem segura de civis para o aeroporto da capital, Cabul.
"(Os talibãs) estão cooperando, permitindo que cidadãos americanos saiam (do país), pessoal americano e pessoal da embaixada. Mas estamos tendo mais dificuldades com aqueles (afegãos) que nos ajudaram quando estávamos lá", declarou.
Nesta quarta-feira, o Departamento de Estado americano acusou os talibãs de "bloquearem estradas para impedir que os afegãos que querem deixar o país cheguem ao aeroporto" em Cabul, em meio aos esforços de evacuação organizados pelas tropas americanas.
Essa medida representa uma violação do acordo que os EUA haviam feito com o grupo insurgente, que se comprometeu a permitir caminho seguro para o aeroporto aos civis que quisessem partir.
Durante a entrevista, Biden reconheceu que a retirada das tropas poderia ter sido melhor administrada.
O presidente mostrou-se na defensiva quando o entrevistador, George Stephanopoulos, o lembrou de fotos de "centenas de pessoas amontoadas em um C-17 (modelo de avião)" e de "afegãos caindo" de outra aeronave americana quando decolava de Cabul.
"Isso aconteceu há quatro dias, cinco dias", exclamou Biden de forma equivocada, já que ambos os casos mencionados pelo jornalista ocorreram na segunda-feira, dois dias antes da entrevista.
Perguntado sobre o que pensou quando viu essas imagens, Biden respondeu: "Pensei que tínhamos que controlar isso. Temos que andar mais rápido. Temos que nos movimentar de tal forma que tenhamos o controle desse aeroporto. E nós o fizemos".
Quanto à existência de falhas de inteligência ou de execução, Biden culpou novamente o governo afegão, lembrando que o presidente Ashraf Ghani "entrou num avião e deixou (o país)" e que houve um "colapso significativo" das forças afegãs que os EUA haviam treinado por anos.
"Há pessoas que dizem, bem, (em abril) havia 2.500 soldados lá e nada estava acontecendo, mas a razão pela qual nada estava acontecendo é que o presidente anterior (Donald Trump) negociou um ano antes que (as tropas) deixariam o país até 1º de maio e não haveria ataques às tropas americanas", enfatizou.
Biden insistiu que se seu governo tivesse renunciado a esse acordo e adiado a retirada, ele teria que estar "preparado para enviar muito mais tropas" ao país e expô-las a ataques dos talibãs, e ele se recusou a correr esse risco.
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