Governo do Paraguai fecha temporariamente presídio de Pedro Juan Caballero
Assunção, 14 out (EFE).- O governo do Paraguai anunciou nesta quinta-feira o fechamento temporário da penitenciária de Pedro Juan Caballero, vizinha a Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, após a identificação de regalias a um narcotraficante que estava detido no local.
Alguns funcionários da prisão, que tem atualmente 865 internos, já tinham sido afastados das funções, depois da fuga ocorrida no ano passado de 76 detentos, a maioria, integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC).
A ministra da Justiça do Paraguai, Cecilia Pérez, afirmou hoje, em entrevista coletiva, que o fechamento implica na intervenção por 30 dias da penitenciária e a investigação administrativa e penal dos diretores da instalação.
Com a medida, ficam suspenso os ingressos de novos condenados, além de visitas aos internos. Enquanto isso, está sendo preparada a transferências de vários presos com ligações com o narcotráfico, tráfico de armas e crime organizado em geral, explicou Pérez.
"Vamos reduzir à metade a população na penitenciária de Pedro Juan Caballero", garantiu a ministra.
A integrante do governo, além disso, antecipou que, em um curto espaço de tempo, será feita a desativação definitiva da unidade prisional.
REGALIAS NA PRISÃO.
O anúncio aconteceu depois de ter sido feita varredura na cela de Faustino Aguayo, um dos líderes do narcotráfico do país, que se entregou em maio deste ano, e terem sido encontradas diversas regalias.
O preso havia sido condenado em 2019, por envolvimento com carregamentos de cocaína que totalizavam três toneladas, segundo a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad).
Pérez afirmou que o Ministério da Justiça havia feito uma solicitação formal para que Aguayo fosse para outra penitenciária, mas uma ordem judicial o enviou para Pedro Juan Caballero, capital do departamento de Amambay.
Na cela do narcotraficante, foram localizados três telefones celulares, que estavam com uma mulher que visitava o detento. A cela onde estavam contava com televisão e aparelho de ar condicionado.
"Celas VIP são resultado da corrupção", garantiu Pérez.
A ministra lembrou que a fuga dos integrantes do PCC, através de um túnel, aconteceu por causa da cumplicidade de guardas e funcionários, como indicaram as investigações.
Ao todo, 36 antigos trabalhadores da penitenciária respondem na justiça pela escapada dos presos. Em todo o país, são mais de 100 funcionários do sistema prisional respondendo a processos por corrupção.
TENSÃO NA CIDADE
A vistoria na cela de Aguayo aconteceu dias depois de um ataque em Pedro Juan Caballero que matou quatro pessoas, entre elas, duas brasileiras e a filha do governador de Amambay, Ronald Acevedo.
Até o momento, seis pessoas foram detidas, acusadas de ligação com o crime. Segundo a polícia, a ação foi realizada por pistoleiros contratados por narcotraficantes, e o envolvimento de Aguayo como mentor da ação não está descartado.
O objetivo dos matadores, de acordo com as investigações, seria atingir o único homem entre as vítimas. EFE
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