'O PCC quer dominar o território', diz ex-juiz sobre mortes no Paraguai
Os sete assassinatos ocorridos nos últimos dias na fronteira entre o Brasil e o Paraguai estão relacionados a uma tentativa de domínio de território por parte do PCC (Primeiro Comando da Capital), de acordo com o juiz aposentado Odilon Oliveira, especializado no combate ao crime organizado na região.
"O que existe ali é o PCC querendo dominar completamente o território. Eles eliminam qualquer grupo adversário que se manifeste contra a ação deles na fronteira", disse o juiz federal aposentado Odilon Oliveira em entrevista ao UOL. "Estamos falando de uma região que serve de base para a criminalidade, onde há um histórico de mortes", complementou.
A polícia paraguaia investiga se há relação entre uma série de atentados e as ações da facção criminosa de São Paulo na divisa entre os dois países, que envolvem ataques a políticos, a um policial e a um suspeito de ser informante das autoridades em uma investigação contra o grupo.
Onda de mortes nos últimos 5 dias
A onda de assassinatos começou na última sexta-feira (8), quando o vereador Farid Charbell Badaoui Afif foi morto a tiros em Ponta Porã (MS). No dia seguinte, uma chacina deixou quatro mortos na saída de uma casa noturna em Pedro Juan Caballero.
Um outro atentado ocorreu na noite desta terça-feira (12), quando o corpo do policial federal Hugo Ronaldo Acosta foi encontrado dentro de um carro em Pedro Juan Caballero, no Paraguai. De acordo com o jornal La Nación, os tiros atingiram uma casa, onde foi deixado um bilhete em português: "Para de oprimir a população lá dentro porque vamos pegar vocês como pegamos anteriormente os companheiros seus", diz o texto.
Ontem (13), atiradores em motos atacaram um grupo de pessoas em Capitán Bado, cidade paraguaia próxima de Pedro Juan Caballero, deixando um morto e dois feridos. Segundo a polícia paraguaia, o alvo do ataque era o vereador Ismael Valiente. Atingido no rosto e no braço, o político foi levado às pressas para um hospital, onde está internado em estado estável.
A escalada da violência já mobiliza as autoridades brasileiras. O governo estadual de Mato Grosso do Sul enviou mais de 50 agentes de polícias especializadas para a região.
"Estamos fazendo um pente-fino em Ponta Porã, com abordagens a carros e pessoas em atitude suspeita. Também sofremos com um efeito colateral desses crimes no Paraguai", disse Marcelino Nunes de Oliveira, secretário municipal de Segurança Pública de Ponta Porã (MS).
Quem são os presos investigados por chacina
Hywulysson Foresto, Juares Alvers da Silva, Luis Fernando Armando e Silva Simões, Gabriel Veiga de Sousa, Farley José Cisto da Silva Leite Carrijo e Douglas Ribeiro Gomes foram presos na segunda-feira (11) por suspeita de participação na chacina. Também foram apreendidos três carros.
Segundo a polícia, as detenções ocorreram em uma casa que fica na área conhecida como Villa Estefan de Amambay. Dali teria saído o veículo com o qual os supostos pistoleiros viajaram para cometer o crime. O UOL não localizou a defesa dos suspeitos para que eles relatassem a sua versão sobre o caso.
A polícia investiga se o crime cometido por homens que dispararam mais de cem tiros de fuzil em frente a uma casa noturna foi orquestrado pela facção criminosa de São Paulo. Investigadores paraguaios apuraram que o alvo da chacina era um homem suspeito de ter delatado 14 membros da cúpula da quadrilha.
Um vídeo obtido pelo UOL com imagens de uma câmera de segurança mostra o momento do assassinato, cometido em menos de dez segundos. É possível ver três suspeitos armados, que descem de uma caminhonete do outro lado da rua e seguem na direção das vítimas para atirar.
Apontado pelas investigações como alvo do atentado, Osmar Vicente Alvarez Grance, o Bebeto, foi atingido por 31 tiros. Com idades entre 18 e 22 anos, Kaline Reinoso de Oliveira, Rhamye Jamilly Borges de Oliveira e Haylee Carolina Acevedo Yunis, filha de Ronald Acevedo, governador de Amambai, no Paraguai, também morreram ao serem atingidas pelos disparos.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.