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Novo presidente do Chile quer que "América Latina volte a ter voz no mundo"

14/03/2022 17h03

Santiago, 14 mar (EFE).- O novo presidente do Chile, Gabriel Boric, reafirmou nesta segunda-feira a intenção de promover a integração regional e disse que "é necessário que a América Latina tenha mais uma vez uma voz no mundo".

Em uma entrevista coletiva com correspondentes estrangeiros no palácio presidencial La Moneda, o líder progressista disse que organizações regionais "como Prosul, Unasur e o Grupo de Lima", compostas exclusivamente por governos da mesma convicção política, "mostraram que não servem para unir ou para avançar na integração".

"Temos que parar de criar organizações baseadas nas afinidades ideológicas dos líderes em exercício", disse Boric, que aos 36 anos se tornou o presidente mais jovem da história do Chile na última sexta-feira.

O ex-líder estudantil, que confirmou que fará sua primeira viagem oficial ao exterior à Argentina, em data ainda não confirmada, disse que a integração regional é "essencial" para resolver problemas comuns, como a crise na Venezuela e o êxodo de mais de 6 milhões de cidadãos daquele país para nações vizinhas, como Brasil, Colômbia, Peru, Equador e Chile.

A solução para a crise, de acordo com ele, "não pode cair para um ou um grupo de países, mas temos que expressar a solidariedade latino-americana, todos os países da região têm um papel a desempenhar".

O Chile vem passando por uma crise migratória sem precedentes no último ano, com centenas de venezuelanos entrando diariamente através de passagens não autorizadas na fronteira com a Bolívia e acampando em cidades próximas, onde também foram registrados episódios de xenofobia.

Boric, que tem sido crítico dos regimes de Venezuela, Cuba e Nicarágua desde o início da corrida presidencial, afirmou estar explorando a possibilidade de implementar um "sistema de cotas" na região, semelhante ao que a União Europeia implementou com o êxodo maciço de refugiados após a guerra na Síria.

"Acho que é algo em que todos poderíamos vencer, tanto os países aprofundando nossa cooperação como muitos migrantes que o fazem em uma situação de grande desespero (...) Sobrecarregar um único país gera situações muito difíceis e de difícil inserção", acrescentou.

O presidente chileno, simpatizante de líderes de esquerda como Luiz Inácio Lula da Silva e o uruguaio José Mujica, confirmou que sua ministra do Interior, Izkia Siches, viajará para a fronteira com a Bolívia nos próximos dias para se reunir com todas as partes afetadas pela crise migratória e avaliar a possibilidade de estender ou não o estado de emergência na região.

Boric também apoiou as negociações que o governo venezuelano e a oposição estão realizando no México e manifestou o desejo de que "seja o povo venezuelano a resolver seus conflitos e que as próximas eleições obedeçam a todos os padrões internacionais". EFE