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Colômbia supera "desconfiança" no sistema eleitoral após 1º turno

01/06/2022 00h44

Bogotá, 31 mai (EFE).- Além de votar para eleger seu próximo presidente, a Colômbia teve diante de si no último domingo o desafio de recuperar a confiança em seu sistema eleitoral durante o primeiro turno das eleições, que, segundo as missões de observação, transcorreu sem problemas e sem irregularidades.

"A jornada eleitoral esteve bem organizada neste domingo e as importantes melhorias na sua organização que pudemos sentir e ver (...) contribuíram para superar um clima de desconfiança que percebíamos no país nas últimas semanas", assegurou nesta terça-feira o chefe da Missão de Observação Eleitoral (MOE) da União Europeia (UE), o eurodeputado Javi López.

O primeiro turno de domingo foi vencido pelo esquerdista Gustavo Petro, que obteve 8.527.768 votos, o equivalente a 40,32%, e terá agora que disputar a presidência com o populista Rodolfo Hernández, da Liga dos Governantes Anticorrupção, que recebeu 5.953.209 (28,15%).

A Colômbia votou no domingo "em um contexto crescente de desconfiança pública no processo eleitoral" causado pelas "incorreções verificadas nos resultados preliminares e não oficiais na pré-contagem das eleições legislativas", disse López.

Nas eleições legislativas de 13 de março, cujo resultado oficial definitivo ainda não é conhecido, houve uma variação de quase 400.000 votos nos obtidos pelo esquerdista Pacto Histórico entre a pré-contagem rápida informada naquele dia e a apuração de 97% das urnas divulgada cinco dias depois.

"Mas todas estas medidas que queremos destacar e sublinhar que foram tomadas para este domingo (...) permitiram a rastreabilidade e transparência dos resultados e acreditamos que tenham contribuído para restabelecer a confiança no sistema eleitoral", acrescentou o chefe da MOE-UE, que contou com mais de uma centena de observadores em quase todas as regiões do país.

SEM SINAIS DE FRAUDE.

Precisamente estas "incorreções" do Registro Nacional, órgão encarregado de organizar as eleições, foram uma das razões pelas quais vários candidatos e suas campanhas denunciaram que seriam cometidas fraudes nas eleições presidenciais, o que acabou por não acontecer .

Petro chegou inclusive a dizer que haveria um "golpe de estado" do próprio governo para suspender as eleições. No entanto, após a realização deste primeiro turno, nenhum candidato questionou o processo ou falou de irregularidades.

"A notícia de que os principais partidos, assim como o vencedor que foi Petro como o segundo colocado, não relataram nenhuma fraude no resultado, pode nos deixar mais tranquilos", disse à Agência Efe a parlamentar e chefe da missão da Mesa Catalã para Paz e Direitos Humanos na Colômbia, Aurora Madaula.

Esta missão, no entanto, detectou "tentativas de compra de votos" nas zonas rurais e a "presença das Forças Armadas dentro das assembleias de voto", o que teria conseguido intimidar os eleitores que foram votar nesses locais.

PREPARAÇÃO PARA O SEGUNDO TURNO.

Enquanto isso, os dois candidatos seguem preparando suas estratégias para o segundo turno, que é inédito em um país acostumado a ter um candidato uribista e outro de centro nesta disputa, e agora pela primeira vez terá um esquerdista e um "outisder" da política, com discurso populista e muito dinheiro no bolso.

Petro, que foi o candidato mais votado no primeiro turno, até mais do que o ex-presidente Álvaro Uribe que venceu duas eleições no primeiro turno, continua apostando em se perfilar como "a mudança sensata" e busca somar setores moderados e atrair o centro.

Por sua vez, Hernández, depois de expor seus eixos de campanha nas redes sociais, entre os quais o rechaço à retomada das relações com a Venezuela, deu hoje entrevistas às principais emissoras de rádio do país nas quais reiterou que não realizará comícios, nem participará de debates. EFE

(foto) (vídeo)